Salif Keita em PortugalSalif Keita, o "Caruso do Sahel", regressa a
Portugal no próximo Sábado, e consigo traz "Papa" o seu novo disco. Trata-se
um trabalho de fusão afro-americana, gravado entre Bamako, Nova Iorque e Paris. Contra
tudo o que possa estar estabelecido na música de raiz tradiiconal e para quem gosta de
arriscar um pouco mais, este é um espectáculo a não perder.
Keita nasceu em 1949 em Djoliba, sendo muitas vezes apelidado como a "voz
de ouro de áfrica". Descende directamente do lendário rei guerreiro "Sundiata
Keita" que fundou o império do Mali no Século XIII. Nascido em Albino, um sinal de
"má sorte", keita foi regeitado pela família e pela comunidade. A sua própria
fraca visão, acelerou o processo de segregação.
Em 1967 decide mudar-se para Bamako, onde começou a actuar em clubes nocturnos
com um dos seus irmãos. Passados dois anos integrou a companhia "Rail Band"
apoiada pelo governo e uma das mais populares da altura. Já em 1973 deixa a "Rail
Band" e integra, em conjunto com Kante Manfila (guitarrista, compositor e mentor da
"Rail Band") juntando-se aos "Les Ambassadeurs".
Por volta de 1977, já com uma enorme popularidade no Mali à volta de Keita e
os "Les Ambassadeurs", foi condecorado com a "Ordem da Guiné" pela
mão do presidente Ahmed Sekou Toure. Como agradecimento, Keita compôs Mandjou, falando
do povo do Mali e da maravilhosa região de Sekou. Nesta composição, Salif Keita combina
num estilo muito pessoal a Guitarra, órgão e o saxofone.
A instabilidade política instalou-se no Mali em meados dos anos 70, o que
forçou Salif Keita ir par Abidjan, na Costa do Marfim. O resto da banda seguiu-lhe as
passadas e formaram os "Les Ambassadeurs Internationales".
Por volta de 1984, parte para Paris em busca de uma audiência mais vasta,
juntando-se a outras estrelas africanas Mory Kante, Toure Kunda, Tabu Ley Rochereau, Ray
Lema, Papa Wemba e Manu Dibango, entre muitas outras. Actualmente vive no bairro Montreuil
de Paris, onde residem ontros 15.000 nascidos no Mali.
A música de Salif Keita mistura a herança da tradição vivida na sua
infância no Mali com outras influências vindas da Guiné, Costa do Marfim e Senegal,
para além de Cuba, Espanha e Portugal.
Para além da Guitarra, órgão e saxofone, Salif Keita recorre aos instrumentos
tradicionais africanos para construir o seu universo sonoro, tais como a Kora, o Djembee e
o Balafon, para além do apoio nos samplers e nos sintetizadores.