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Manuel Tentúgal
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Contacto
e-mail: bailadouro@clix.pt
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Vai de Roda cria a
Oficina Musical Bailadouro

Os Vai de Roda anunciaram no Porto a criação da Bailadouro, uma oficina musical como extensão pedagógica do seu projecto que visa a conservação e divulgação do património etnocultural português.

A Oficina Musical irá dirigir a sua actividade aos jovens, músicos de distintos quadrantes, associações culturais, promotores locais, agentes culturais, escolas, grupos etnográficos, construtores de instrumentos e estudiosos, entre outros.

"É importante criar, dentro e fora das escolas, espaços propiciadores do contacto dos jovens com as músicas tradicional e de raiz tradicional, entre outras", refere a direcção da associação, em comunicado, salientando a colaboração de especialistas, designadamente etnomusicólogos e investigadores, nas actividades a desenvolver.

Realizar, dinamizar e colaborar em actividades culturais, assim como revitalizar e dignificar o património cultural dos instrumentos de raiz tradicional, com destaque para a gaita de foles e percussões, e fomentar o ensino e o alcance pedagógico da música tradicional junto dos jovens são os objectivos da Bailadouro.

Tendo em conta estes objectivos, os responsáveis pretendem que a Oficina Musical constitua um núcleo pedagógico, formativo e informativo e funcione como "um pólo aglutinador de novas vontades e práticas musicais oriundas do Norte de Portugal".

"Pretende-se também um claro reforço da convivência cultural que a faixa transfronteiriça nos oferece com a Galiza, Castela e Leão", acrescenta a direcção da "Bailadouro", que ficará sediada na Senhora da Hora, Matosinhos.

O grupo Vai de Roda, a comemorar 21 anos de existência, viu recentemente dois dos seus trabalhos discográficos ("Polas Ondas" e "Terreiro das Bruxas") colocado entre os 100 melhores da música portuguesa, respectivamente, em 11º e

77º lugares. Fonte: Jornal de Notícias

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Apresentação da Associação
BAILADOURO
Por Manuel Tentúgal

Ao celebrar 21 anos de intensas actividades e no seguimento do reconhecimento obtido através do prémio José Afonso 1997, o VAI DE RODA, recentemente galardoado com dois dos seus trabalhos discográficos (Polas Ondas, 11º e Terreiro das Bruxas, 77º) entre os 100 melhores da Música Portuguesa (D.N. 26.02.2000), cumprindo mais um passo no seu percurso, apresenta a criação de uma Oficina Musical como extensão pedagógica do seu projecto. Para o efeito foi criada no passado Outono de 1999 a Associação Cultural BAILADOURO – Oficina Musical.

Esta associação nasceu com o objectivo de promover actividades e eventos vários que visem a conservação e divulgação do nosso património etnocultural. Dividida em quatro oficinas essenciais o espírito que presidiu à sua organização foi sobretudo pedagógico. Não só na sua vertente mais académica, importante sobretudo para a dignificação do projecto e das ideias a transmitir, mas também na sua componente lúdica.

Embora o ensino da etnomusicologia em Portugal já seja uma realidade desde 1980, os especialistas e os estudos daí surgidos, por mais e melhores que sejam, não têm colmatado todas as necessidades relativamente aos mais diferentes públicos. É precisamente aí que este projecto se pretende mover e situar.

Por consequência, o seu âmbito visa sobretudo jovens, escolas, institutos, associações, instituições culturais, músicos, construtores de instrumentos, ranchos, estudiosos e, como não podia deixar de ser, investigadores. Acima de tudo para um público que, numa era de forte comunicação deveria estar mais informado e conhecedor - aparentemente “mais culto” - paradoxalmente está distante deste universo musical ou destas manifestações, por sinal, as que lhe estariam mais perto por identidade.

Um pouco como o que se está a passar na vizinha Galiza e em muitas outras regiões da Europa, com realce para a Itália, a Bretanha e a Irlanda, onde proliferam escolas e associações em quase todas as vilas. Festivais, concursos de solistas (harpa, gaitas de foles, percussões, bandas, grupos musicais, etc.) são uma realidade viva, com direito mesmo a transmissão televisiva. Exposições, feiras, vendas de instrumentos e respectivo contacto directo com os seus construtores são outras realidades a que frequentemente assistimos.

A formação autodidacta vai dando lugar a uma formação mais rigorosa e científica. A necessidade de enaltecimento dos instrumentos tidos como tradicionais a par dos “conservatoriamente” aprendidos é uma realidade, levando ao rigor construtivo, à metodologia da sua aprendizagem e execução, aos concursos e festivais como incentivo, ao surgimento de novos valores, e ao aparecimento de obras (suites orquestrais, p.ex.) onde é salutar assistir à convivência entre todos os instrumentos.
Essa vivência tem-se vindo a tornar cada vez mais estável, devido não a qualquer geração espontânea mas a muitos anos de trabalho. É, por isso, evidente a crescente criatividade e a melhoria dos instrumentistas que por aí proliferam.

É importante criar, dentro e fora das escolas, espaços propiciadores do contacto dos jovens com as músicas tradicional e de raiz tradicional, entre outras. Desde circuitos de pequenos concertos, passando por uma série de concursos incentivadores de novos valores, até ao contacto mais directo com a comunidade escolar, através da criação de oficinas musicais.

A Bailadouro considera que se deve dar um pouco de atenção no que se refere àquela parte do nosso próprio património musical que ainda não foi abordado sistematicamente a partir das nossas instituições escolares.

No currículo escolar, o "estudo" da própria tradição fica relegado com frequência ao âmbito do anedótico: mascaradas de inverno (halloween), carnaval, alguns jogos populares e pouco mais. Por vezes tenta-se "ressuscitar" alguma dança ou canção cujos passos ou melodia ainda são familiares aos pais dos nossos jovens alunos e alunas mas que, em qualquer caso, resulta muito longe no espaço, no tempo e no contexto em que se desenvolvem os discípulos.

Soluções para o futuro
A Associação Cultural Bailadouro contará com a colaboração e a ajuda de especialistas no tema - etnomusicólogos, investigadores e outros - para a tarefa de limpar e orientar o caminho para o estudo, o ensino e a aprendizagem do nosso acervo popular, sobretudo no que diz respeito aos instrumentos: sua história, sua construção e seus construtores e, claro, seus executantes actuais e futuros.

A curiosidade juvenil pode constituir motivo ideal para sacar do seu mutismo a geração que, actualmente, mais recorda e retém elementos tradicionais (sobretudo os mais velhos).

Existe uma riqueza tradicional de fundo muito aproveitável que, por uma série de razões se foi desvalorizando, recebendo os protagonistas da sua transmissão um trato especialmente injusto por parte da sociedade em que viviam, ao ter-se perdido interesse durante várias gerações tanto pelo veículo de transmissão utilizado (a linguagem) como pelo próprio conteúdo (que não se ajustava aos tipos de conhecimentos que a moda, ou as correntes culturais exigiam). Os factos demonstram que esse período crítico está remetendo e despertando, nas novas gerações, uma certa necessidade de conhecer e recuperar parte do tesouro, de que ninguém tinha direito a privá-los.

É importante que as camadas mais jovens conheçam as fórmulas mais elementares da sua própria cultura, utilizadas com acerto num passado não tão longínquo e susceptíveis de serem renovadas, ampliadas e reelaboradas pelas novas gerações.

Uma informação sobre cultura tradicional menos retórica e mais cheia de conteúdo produziria um resultado surpreendente, já que permitiria aos jovens criar dentro de esquemas culturais próprios e de fácil referência sem necessidade de recorrer maioritáriamente a fórmulas estrangeiras com raízes estranhas.

Objectivos da BAILADOURO - Oficina Musical

Realizar, dinamizar e colaborar em actividades culturais, essencialmente no âmbito musical;
Revitalizar e dignificar o património cultural dos instrumentos de raiz tradicional, com destaque para a Gaita de Foles e percussões;
Fomentar o ensino e o alcance pedagógico da música tradicional, sobretudo junto da população juvenil.

Tendo em conta estes objectivos pretende-se que esta Oficina Musical constitua um núcleo pedagógico, formativo e informativo. Em rigor, a amplitude de todas as acções a desenvolver não representa, tão somente, um contributo para a didáctica do folclore e cultura tradicional, mas sim uma rede de esforços com o fim de mobilizar e incentivar os músicos em geral, os agentes culturais e a criação de novas instituições, grupos e eventos. Esta filosofia atesta a nossa evidente preocupação em revitalizar o saber popular num cenário empreendedor que permita a sua preservação e continuidade.

Os destinatários das actividades a promover constituem um corpo diverso formado por jovens, músicos de distintos quadrantes, associações culturais, promotores locais, agentes culturais, escolas, grupos etnográficos, construtores, professores... etc.

Esta Oficina Musical visa ser um polo aglutinador de novas vontades e práticas musicais oriundas do Norte de Portugal. Contudo, pretende-se um claro reforço da convivência cultural que a faixa fronteiriça nos oferece com a Galiza, Castela e Leão.

O enquadramento cultural deste projecto ultrapassa as barreiras da música ao estar atento à sociedade que interpreta essa música, aos valores mágicos e religiosos, às crenças, às simbologias... etc. Existe, por isso, a consciência de que ao preservar um trecho popular estamos também a preservar códigos etnológicos, riqueza literária e informação histórica.
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