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"Gatemouth": voz,
guitarra, violino, harmónica
Joe Krown: piano
Harold Floyd: baixo
Eric Demmer: saxofone
David Peters: bateria
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Lisboa
Gatemouth: um eclético
nas Expressões musicais Texanas
CCB, Grande Auditório, dia 18 de Novembro de 2000
A música de Clarence Gatemouth Brown está acima de categorias: é
considerado geralmente um bluesman tendo influenciado o desenvolvimento do blues do Texas,
de onde é originário. Mas se quisermos situá-lo melhor teremos que considerar esta
legenda da música americana como um mestre eclético das expressões musicais texanas das
raízes onde coabitam não só os blues mas também o country, o cajun, o bluegrass, o
western swing ou o gospel.
O valor da versatilidade aprendeu o Clarence Brown na adolescência, na cidade texana de
Orange, onde seu pai se estabeleceu, tornando-se um músico popular na região,
especializado em cajun, country e em bluegrass, mas não em blues. Começara a sentir-se
atraído pelas big bands da época, as de Count Basie, Lionel Hampton e Duke
Ellington cuja composição Take the A Train continua a fazer parte do seu
repertório central. Cedo, em 1947, adquiriu notoriedade no clube Golden Peacock, em
Houston, quando substituiu inesperadamente o famoso T-Bone Walker no palco que este
abandonara por uma súbita indisposição.
Reportam as histórias que T-Bone Walker ficou zangado com esta usurpação juvenil
Clarence brindou então a assistência com a sua composição Gatemouth Boogie
- e a verdade é que o público rejubilou e deixou-lhe no palco uma quantia de seiscentos
dolares como prémio. De imediato, Don Robey, o dono do clube, propôs a Clarence orientar
a sua carreira fazendo-o gravar na sua própria marca Peacock e, mais tarde,
organizando-lhe digressões pelo Sul e Sudoeste dos Estados Unidos à cabeça de uma
orquestra de vinte e três músicos.
A relação de Clarence Brown e do seu primeiro manager Don Robey durou até 1960, tendo
constituído, entretanto, na década de 50, uma afirmação do estilo peculiar do músico
caracterizado por tórridos temas instrumentais que marcaram o período do pós guerra dos
blues do Texas. Os anos 60 não foram dos mais felizes para Clarence Gatemouth
Brown: estabelecendo-se em Nashville, os discos de country que aqui gravou não tiveram a
notoriedade desejada, muito embora tivesse participado no famoso programa de televisão
The Beat apresentado pelo não menos famoso dj de rádio Bill Hoss Allen.
O hiato iria ser quebrado a partir de 1971 quando se apresenta na Europa, primeiro em
França, com enorme sucesso, dando assim origem a permanentes digressões pelo Velho
Continente e aqui deixando nove discos gravados. Este material havia de ser coligido e
reeditado mais tarde nos Estados Unidos pela Alligator de Bruce Iglauer sob o título de
Pressure Cooker, fazendo ser-lhe atribuído a nomeação para o prémio Grammy
de melhor gravação de blues de 1986.
É também ao longo dos anos 70 que Clarence Gatemouth Brown se torna no porta
voz da música americana participando numa digressão patrocinada pelo Departamento de
Estado dos Estados Unidos da América que o levou a países da África Oriental: Botswana,
Lesotho, Zambia, Tanzania, Madagascar, Kenia, Sudão e Egipto. Uma apresentação no
Festival de Montreux, coroada de sucesso e uma digressão pela ex-União Soviética em
1979, consagraram Clarence Gatemouth Brown. A música reflectia a sua
determinação em prosseguir as coisas à sua maneira, reconstruindo a carreira: agora era
o jazz, o country e mesmo o calypso que dominavam, e dominam, os seus concertos.
Rui Neves (Com o apoio da
Universal Verve)
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