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Carlos Nuñez

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Conteúdos fornecidos pela
Associação José Afonso

Seixal
Sobre os participantes no
Cantigas do Maio
2001
Seixal, 24 de Maio a 2 de Junho de 2001

A XII edição do Festival Cantigas do Maio, a decorrer entre 24 de Maio a 2 de Junho no Seixal, contará este ano com a participação dos grupos Segue-me à Capela (Portugal), Entre Retamas (Andaluzia), Danças Ocultas (Portugal), Carlos Nuñez (Galiza), Tiharea (Madagascar), Totó la Momposina (Colômbia), Djivan Gasparyan (Arménia), Ghazal Ensemble (India/Irão), Between Times (Israel/Palestina), Luzmila Carpio (Bolívia) e dd Synthesis (Macedónia).

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Segue-me à Capela
Segue-me à Capela não é um grupo profissional no sentido em que as sete mulheres que o compõem não são profissionais da música. Todas elas têm as suas diferentes profissões, desde médicas a magistradas, passando por farmacêuticas, assistentes sociais ou professoras. Mas várias delas têm um ponto em comum: a sua participação no G.E.F.A.C., o Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra, que abriu as Cantigas do Maio no ano passado. É, portanto, o genuíno gosto que todas elas têm pela música, em particular pela tradicional portuguesa, que as faz juntarem-se para além das suas vidas profissionais e cantar.

Tudo começou em 1999, em Aveiro, pela mão de Cristina Martins, mas algumas delas já tinham pisado os palcos ao lado da Brigada Victor Jara e do Realejo, tendo mesmo feito estudos e concluído licenciatura em Ciências Musicais. O seu repertório é criteriosamente escolhido a partir das recolhas feitas por Michel Giacometti, Alberto Sardinha e G.E.F.A.C. e reparte-se pelas canções de trabalho, de amor ou religiosas.

O grupo, como o próprio nome indica, é um grupo à capella, onde a voz é o “instrumento” principal, muitas vezes acompanhada pelo adufe, a pandeireta, as pinhas ou as castanholas e também pelo percussionista Quiné, músico profissional, que estudou no Conservatório do Porto e com Rui Júnior.

Segue-me à Capela é pois um grupo recente, sem disco editado, mas com presença em vários festivais, nomeadamente no de Segóvia do ano passado, onde surpreenderam pela qualidade e beleza das suas vozes, que brilharam sobretudo nos cânticos religiosos e que encantaram o público e a crítica.
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Carlos Nuñez
Carlos Núñez não é um desconhecido do público das Cantigas do Maio. Visitou-nos pela primeira vez em 1993 como membro do grupo galego Matto Congrio (grupo este que voltou ao Seixal três anos mais tarde com uma outra formação e um outro nome, Berrogüetto), que viria depois a abandonar para seguir uma carreira a solo.

Hoje Carlos Núñez é uma estrela internacional, com tournées pela Europa, Japão, Estados Unidos da América, que pisou os palcos mundiais sózinho com a sua banda, mas também ao lado de outras estrelas como os Chieftains, Linda Ronstad, Ry Cooder, Sharon Shannon, Bob Dylan, The Who, Lou Reed. Apesar disso, Carlos Núñez não esqueceu as boas recordações que as Cantigas do Maio lhe deixaram quando era ainda um jovem músico desconhecido do mundo e fez questão de voltar ao público do Seixal.

Nascido e criado em Vigo, uma cidade de músicos, festas e festivais, Carlos Núñez começou aos oito anos de idade com uma flauta e uma gaita compradas pelo pai. Estudou no Conservatório da cidade (onde viria depois a ser professor), a Universidade Popular de Vigo deu-lhe a conhecer construtores e investigadores de instrumentos musicais, despertando-lhe o interesse pelos medievais e, apenas com treze anos de idade, participou como solista numa orquestra sinfónica no Festival Intercéltico de Lorient, estava-se em 1984. No Conservatório de Madrid aperfeiçoou a sua técnica e pensou vir a ser um músico clássico, mas o seu primeiro encontro com os Chieftains iria mudar por completo a sua vida e a sua carreira.

“Tinha treze anos quando conheci Paddy Moloney, disse-lhe que devia fazer um disco com as músicas da Galiza e ele deu-me ouvidos”. A partir daqui tudo se altera. Vai para a Bretanha aprender a técnica da gaita escocesa e realiza o seu primeiro concerto com os Chieftains na Galiza, tinha dezoito anos. Começa então uma colaboração estreita com esta banda mítica (são mais de cem concertos nos Estados Unidos e no Japão) sendo Carlos Núñez designado como o “sexto Chieftain”.

Em 1996 deixa o Conservatório de Vigo, onde leccionou durante seis anos e decide começar uma carreira profissional a tempo inteiro. Edita finalmente o álbum dos seus sonhos, “Brotherwood of Stars”, onde intervêm cerca de cinquenta músicos (entre os quais a Vieja Trova Santiaguera e Kepa Junkera que publicaria em 1998 “Bilbao 00:00H”, um projecto com muitos pontos de contacto com este) e de que é produtor juntamente com Ry Cooder e Paddy Moloney.

“Neste disco quis apresentar as principais conexões existentes na nossa música. A Galiza é a Bretanha espanhola com quatro influências: a primeira é a influência céltica que é hoje evidente para toda a gente. A segunda vem-nos de determinados países da Europa. Graças aos Caminhos de Santiago recolhemos influências trazidas pelos peregrinos da França, mas também da Alemanha. A terceira é a América do Sul e as Caraíbas e esta é muito recente devido, entre outras, à emigração galega para Cuba.”

Depois de “Brotherwood of Stars”, que foi disco de platina e é ainda hoje considerado um clássico, viria em 1999 “Os Amores Libres”, que lhe traria vários prémios. Neste seu segundo álbum explora os pontos de contacto da música galega com o flamenco, contando nomeadamente com a participação de Vicente Amigo e da poesia de Lorca.

Em 2000 é a vez de “Mayo Longo” e de Hector Zazou colaborar (entre muitos outros), sendo a última faixa, “Aires de Pontevedra”, uma gravação ao vivo com a fabulosa Bagad Kemper, que esteve presente e deslumbrou, na edição anterior das Cantigas do Maio.

Carlos Núñez não é apenas um exímio, um dos melhores gaiteiros do mundo, ele é também um virtuoso da flauta e durante os seus espectáculos passa de um instrumento para o outro com um à vontade e confiança que só os grandes possuem.

Acompanhado por Xurxo Núñez na bateria e percussão, Pancho Álvarez no bouzouki, Paloma Trigas e Begoña Riobo no violino e Jose Vera no baixo, Carlos Núñez vai levar-nos numa viagem pelos seus três álbuns, fazendo-nos participar também da emoção, da sinceridade e do empenho que põe e que transparecem imediatamente para o público, sempre que sobe a um palco. Voltar ao Topo

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Tiharea é um grupo recente com apenas três anos de vida e um só Cd com o mesmo nome gravado no ano passado.

Tiharea são três irmãs, Talike, Vicky e Delake, que cantam desde crianças.Nascidas no sul de Madagáscar, em Ifotake, cresceram com a música à sua volta: todas as noites o pai pegava no acordeão e a mãe, rodeada dos seus nove filhos, cantava as canções que aprendera também ela enquanto menina. Mais tarde, já adolescentes, as três irmãs fizeram parte de um coro que actuava nas cerimónias religiosas e sociais de Ifotake e em 1985 ganharam o festival de Fort-Dauphin.

Depois as suas vidas tomaram rumos diferentes, para se reencontrarem anos mais tarde casualmente na Europa. Foi então que decidiram juntar-se de novo, desta vez como Tiharea e começar uma carreira profissional internacional.

Madagáscar é uma ilha no Índico frente a Moçambique, com 1.600 km de comprimento, geograficamente muito contrastada. Percorrendo-a de lés a lés encontram-se desde densas florestas a desertos onde só os cactos crescem, desde montanhas que quase chegam aos céus a praias orladas de palmeiras.

O povo Antandroy é conhecido pela qualidade excepcional das suas vozes e técnicas de canto, donde se destaca o rimotsy, normalmente executado apenas pelos homens, mas que as irmãs Tiharea também praticam. Cantam de tal forma que às vezes parece estarmos a ouvir seis ou sete vozes e não apenas três. O seu estilo de canto de garganta aberta, confere às vozes uma qualidade selvagem em simultâneo com uma intimidade e uma suavidade que nos lembram o canto das mulheres búlgaras. Mas quando as irmãs Tiharea começam com a percussão usando o langoro (um tambor) e as mãos para um complexo bater de palmas, aí transformam-se num grupo de cantoras percussionistas e então percebemos que estamos realmente perante África.

As suas canções falam-nos da circuncisão como símbolo de virilidade e de poder, do casamento forçado de uma jovem, da saudade da terra natal, da ringa (um combate entre dois homens que tem lugar na lua cheia, em que o canto das raparigas katrehake – serve de incitamento à luta, tendo no final o vencedor direito a escolher uma rapariga para passar a noite consigo) e ainda da beleza e crueldade da vida e da sabedoria em saber vivê-la.

Para o público das Cantigas do Maio, Madagáscar não é completamente desconhecido, pois foi em 1996 que Njava, também um grupo de irmãos do sul, nos proporcionou um dos melhores concertos desse ano, que certamente ainda hoje permanece na memória de quem o presenciou.

Desta vez subirão ao palco “apenas” três vozes femininas, que encherão de música o chapiteau, agora ainda maior, das Cantigas do Maio.
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A cumbia é uma mestiçagem resultante da interacção dos ritmos índios com os dos escravos africanos, sendo a dança um bom exemplo desse casamento, visto pensar-se que ela representa a corte feita por um africano a uma mulher índia. Crê-se que o próprio nome deriva da dança guineense cumbe, embora alguns estudiosos defendam que ela tem origem nas cerimónias fúnebres das tribos do Caribe, os areitos.

Os grupos tradicionais de cumbia tinham apenas percussão e voz, mas sobretudo a partir dos anos 40, quando deixaram as zonas rurais e chegaram às cidades, evoluíram para bandas com trompetes, saxofones, trombones, maracas, gaitas, guacharas, guitarras, tal como a que Totó la Momposina nos traz esta noite.O seu espectáculo dá-nos a conhecer não só a cumbia, mas também uma série de outros ritmos que lhe estão próximos: o mapal, o merengue, a puya, a salsa.

Hoje reparte o seu tempo entre o Reino Unido e a Colômbia e está envolvida num projecto de investigação, preservação e ensino da velha música colombiana, que corre o risco de desaparecer e de ser substituída por uma nova comercialmente mais atractiva. Voltar ao Topo

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Djivan Gasparyan
De acordo com a lenda, os arménios ter-se-iam apresentado perante Deus já depois de este ter concluído o povoamento da terra. “Lamento mas restam apenas estas pilhas de pedras”, disse-lhes Deus. Os arménios tiveram assim que se contentar com essa terra austera e acidentada nos contrafortes do Cáucaso, sempre coberta de neve, hoje uma república independente da ex-U.R.S.S.

Para Djivan Gasparyan, o mais famoso músico da Arménia, esta é uma das razões pelas quais o duduk tem um som tão melancólico e triste. A outra tem a ver com a história trágica deste povo, sempre submetido ao longo dos séculos por impérios fortes, tragédia que culminou com o primeiro genocídio do século XX perpetrado pelo Império Otomano em 1915 e que levou ao desaparecimento de um milhão e meio de arménios. Esta data pôs fim à Arménia ocidental, originou a anexação pela Turquia de uma parte considerável dos seus territórios e iniciou a diáspora do povo arménio, sobretudo em direcção à América.

A diáspora, outra razão que explica o som meditativo e sofredor do duduk, um dos mais antigos instrumentos de sopro do mundo, com uma sonoridade semelhante à do clarinete, que se supõe ter cerca de mil e quinhentos anos. Feito de madeira de pessegueiro, uma árvore mítica que os arménios crêem ser originária do planalto de Ararat, o duduk era a flauta dos pastores. Graças à mestria de

Djivan Gasparyan este instrumento simples e rudimentar é hoje reconhecido internacionalmente e já se fez ouvir na companhia de orquestras e músicos célebres.

Mas o que o torna tão especial é a maneira como é tocado, a sua técnica de respiração contínua, que Djivan Gasparyan aprendeu muito novo. Começou com o pai, tinha apenas seis anos, embora o que o tivesse marcado e feito avançar na aprendizagem do duduk fosse o cinema. Ficava fascinado com os músicos que acompanhavam o filme, que em si mesmo pouco lhe interessava e com a capacidade que tinham de tocar, apenas com o duduk, melodias românticas, tristes ou alegres conforme as cenas.

Com apenas entre 25cm a 40cm, uma palheta dupla, oito orifícios para os dedos e um para o polegar na parte inversa que pode modificar a escala numa oitava, o som grave, melancólico e etéreo que produz é fruto principalmente da mestria de quem o toca, da sua agilidade de dedos e da sabedoria do sopro. É um instrumento extremamente difícil de tocar, que só um treino quotidiano e persistente consegue trazer à superfície a sua alma, a alma do povo arménio.

Djivan Gasparyan consegue-o e prova-nos como um simples instrumento de pastor pode interpretar para além dos temas pastoris, música medieval, ou os antigos hinos sagrados da liturgia cristã arménia. As suas interpretações não se limitam a preservar o património, testemunham também um desejo de ir mais longe, pois Djivan Gasparyan é também cantor, compositor e responsável pelo duduk baixo, uma novidade desenvolvida por si.

Hoje Djivan Gasparyan tem uma carreira nacional e internacional sólida, com colaborações em várias bandas sonoras (contam-se entre outras a de “A Última Tentação de Cristo”, “A Casa da Rússia” e a última para o recente “O Gladiador”), com participação como solista em concertos do Kronos Quartet, da Orquestra Filarmónica de Los Angeles, da Orquestra Filarmónica de Yerevan, a capital da Arménia e sete álbuns editados, donde se destacam “I will not be sad in this world” de 1989, dedicado aos seus compatriotas vítimas do terramoto e “Heavenly Duduk”, o seu último trabalho de 1999. Mas o que mais o enche de orgulho, é o seu trabalho como professor no Conservatório de Yerevan durante trinta anos e a consequente formação de mais de setenta músicos profissionais de duduk.

Acompanhado por Ararat Dalakyau no duduk baixo e Ashot Ghazaryan no duduk e dhol (percussão), vamos poder presenciar um ensemble tradicional arménio, tal como se apresentava há séculos atrás nas cerimónias religiosas ou nas festas tradicionais da Arménia.
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Ghazal Ensemble
Na tradição persa, o ghazal é um género específico de poesia - lírica - que se caracteriza por uma combinação pouco comum entre uma espiritualidade extática e os desejos terrenos, o amor divino e o amor erótico.O ghazal espalhou-se por toda a Arábia, Pérsia e Turquia, sobretudo nos séculos XIII e XIV e deriva de uma palavra árabe para designar o amor, tanto a canção como o poema. Na Índia o ghazal evoluiu para uma forma de música semi-clássica muitas vezes baseada nas ragas, que nos dias de hoje toma a forma de uma balada de amor e que se mantem popular sobretudo entre os Hindus do norte, embora a indústria cinematográfica lhe tenha conferido uma amplitude nacional. Ghazal foi por tudo isto o nome escolhido para esta colaboração entre um músico iraniano – Kayhan Kalhor e um músico indiano – Shujaat Husain Khain.

O Ghazal Ensemble cria, ou antes recria, a ponte musical entre estes dois países, alicerçando-se no estudo e na investigação das suas músicas, mas sobretudo no espírito e na vontade de fazer música no momento e com o coração.

A música clássica iraniana é muito improvisada, mas essa improvisação está firmemente enraízada no repertório clássico, cerca de duzentas peças, que o músico deve memorizar ao longo dos seus anos de treino e aprendizagem.

As capacidades de improvisação destes dois músicos, que fazem com que cada actuação seja única e irrepetível, são imediatamente perceptíveis pelo público, bem como a comunicação que se estabelece entre ambos. O sitar de Shujaat Husain Khan e o kamancheh de Kayhan Kalhor estabelecem um diálogo entre si que nos lembra a essência criativa do jazz.

Kayhan Kalhor é um virtuoso do kamancheh persa, o antepassado do violino ocidental, que se crê ser anterior ao século X, data das primeiras referências escritas a este instrumento musical. Após a invasão da Pérsia pelos árabes, o kamamcheh chegou à China pela rota da seda onde é conhecido por erhu, à Ásia Central, ao Médio Oriente, aos Balcãs. O kamancheh é um dos instrumentos clássicos persas mais dificeis, que deve ser tocado na vertical como um violoncelo, estando o músico sentado sobre os joelhos.

Kayhan Kalhor nasceu em Teerão em 1963 e começou por aprender violino, mas ao ver na televisão o grande mestre do kamancheh, Ostad Asghar Ali, decidiu começar a aprendê-lo. Tinha então 15/16 anos e praticava dezoito horas por dia, mas os seus estudos musicais tinham começado com Ahmad Mohajer quando tinha apenas 7. Aos 18 já recebera por duas vezes o Prémio Nacional de Música e mais tarde compôs, gravou e tocou pelo mundo fora com algumas das figuras mais importantes da música clássica iraniana. Depois de ter abandonado o Irão em 1981 a seguir à Revolução Islâmica porque (...) “tudo o que pudesse ser designado por música foi posto de lado”, esteve no Canadá onde estudou música ocidental, tendo-se fixado posteriormente em Nova Yorque onde veio a gravar com o Kronos Quartet.

A revolução iraniana, ao pôr de lado tudo quanto fosse ocidental, acabou por fazer renascer a aprendizagem do kamancheh em detrimento do violino. Kayhan Kalhor vai regularmente ao Irão onde ensina o kamancheh, participa em gravações de outros músicos e pesquisa a música tradicional, incidindo o seu último trabalho – Night, Silence, Desert – na região de Khorasan no nordeste do Irão. Voltar ao Topo

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Between Times
A música tem essa virtualidade, a de unir povos e culturas, promover a tolerância, a curiosidade e o respeito pelo diferente, pois uma das razões da nossa riqueza reside precisamente na diversidade que nos rodeia.

O grupo Between Times é um exemplo, entre outros, do que atrás referimos. Sediado em Jerusalém, é formado por árabes e israelitas, reflectindo na música que fazem, a invulgar diversidade musical do Médio Oriente, viajando entre diferentes eras e épocas ( por isso o nome Between Times), acreditando que o diálogo musical que promovem pode ser um contributo importante para um outro mais alargado.

Between Times nasceu em 1992 pela mão de Guy Kark. Natural de Jerusalém, estudou composição e música clássica árabe na Academia Rubin desta mesma cidade. Ao longo dos anos desenvolveu um estilo pessoal e único como compositor, para além de ter aperfeiçoado o seu desempenho no alaúde e na guitarra, bem como noutros instrumentos de cordas tanto do Ocidente como do Oriente. Tem composto também para outros grupos, para o teatro e para a televisão e participou na fundação de outros ensembles e projectos multi-culturais.

Nizar Rohana nasceu na aldeia árabe de Osafia. Tal como Guy Kark, estudou música clássica árabe na Academia Rubin e musicologia na Universidade Hebraica de Jerusalém. Começou por tocar piano, mas a descoberta do velho alaúde paterno fê-lo voltar-se para a sua herança árabe. Hoje é professor de alaúde e de música árabe na Academia de Música Palestiniana em Ramalla e em Jerusalém. Toca também noutros ensembles de música árabe.

Alex Kroitor nasceu em Kishinev, na Moldávia, onde estudou violino. Aí tocou em orquestras de música clássica, em grupos de música klezmer e em fanfarras ciganas. Em 1992 emigrou para Israel, estudou jazz na Academia Rubin e desde 1996 faz parte de Between Times.

Iris Eyal, o único elemento feminino de Between Times, é israelita, toca vários tipos de harpa, estudou na Academia Bezalel de Jerusalém e participa também num ensemble de música medieval.

Erez Mounk toca uma série de instrumentos orientais de percussão, estudou música indiana e tablas no Rajistão com Ramnarayan Bhanvat e é professor de percussão mediterrânica na Universidade Bar-Ilan.

Todos juntos, estes cinco músicos, conseguem um som que é simultaneamente rico em diversidade, mas claramente identificável com o do Médio Oriente.Between Times tem actuado sobretudo em Israel, mas também fora de portas, com presença regular na Europa e nos Estados Unidos, onde a crítica acolheu com muito entusiasmo o seu último CD “Canaan”, editado em 1999, considerando-o um dos melhores do ano na área da world music. Voltar ao Topo

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Luzmila Carpio
Quando pensamos em música da América Latina, pensamos inevitavelmente em flautas andinas, ponchos e canto em língua espanhola. Nada disto vamos ver ou ouvir durante o concerto de Luzmila Carpio.

Embora esteja presente a flauta acompanhada pelo tambor e pelo não tão conhecido charango ( o único instrumento de cordas dos Andes, que é uma cópia rudimentar da guitarra espanhola feita a partir da carapaça do tatu), o que surpreende de imediato é o canto em língua indígena, tão raro de se ouvir, mas o que espanta verdadeiramente é a voz de Luzmila Carpio! É uma voz sobreaguda, luminosa, de cristal, divina. É uma voz que imita o canto dos pássaros ou das crianças. É uma voz que canta canções de embalar, louvores à terra mãe Pachamama, ao pai sol

Tata-Inti, que se dirige às plantas, aos insectos ou às pedras do ribeiro com a veneração, o encantamento e o respeito de um ser que se sabe parte de uma totalidade harmoniosa. É uma voz que canta a cosmogonia do seu povo, o povo Aymara, que se eleva acima do planalto andino, tal como o voo do condor, símbolo da sabedoria e da resistência índias.

Luzmila Carpio impressiona também pela sua figura frágil, mas determinada, humilde, meiga e comunicativa, que canta com o coração e que se mantém intransigentemente fiel às suas origens. Para Yehudi Menuhin, que a convidou a participar no concerto Vozes para a Paz em 1997, Luzmila Carpio “é um violino que canta”. Para Mercedes Sosa, ela é “o canto de um pássaro, um canto extraordinariamente belo”.

Mas para Luzmila Carpio, cantar é cumprir um papel que está destinado à mulher Aymara: transmitir a tradição. E como ela é orgulhosa dessa tradição!

Na sua aldeia natal Kala-Kala (pedra sobre pedra), na região de Potosi, a 4.000m de altitude, as mães cantam muito para as suas crianças. É uma maneira de não deixar cair no esquecimento as raízes, pois “um povo que não canta, que não dança, é um povo morto”, na opinião de Luzmila Carpio.

Acompanhada por Heriberto Murillo, Eduardo Sainz, Joel Flores e Guido Alcala nas flautas, charangos e tambores, Luzmila Carpio vai proporcionar-nos um concerto que ficará seguramente como um marco na história das Cantigas do Maio.

Embora a Macedónia, uma ex-república da Jugoslávia, já tivesse estado presente nas Cantigas do Maio em 1997 com a Kocani Orkestar, a música que o grupo DD Synthesis faz e que quisemos que encerrasse esta edição das Cantigas do Maio, não tem nada a ver com a fanfarra cigana, que na altura provocou um verdadeiro “terramoto” no Seixal.Voltar ao Topo

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DD Synthesis
Já por si o nome escolhido, DD Synthesis, faz alguma luz sobre o projecto destes oito músicos profissionais, que têm como propósito combinar os sons tradicionais com arranjos contemporâneos, de modo a criarem uma síntese cultural.DD Synthesis foi formado em 1995, tendo editado o seu primeiro disco em 1997. Nele estava presente a riqueza musical da Macedónia, resultante das várias identidades culturais que a povoam: albaneses, turcos, ciganos, sérvios, gregos e mesmo uma pequena comunidade de origem egípcia. Essa edição foi na altura um marco, pela sábia combinação do som dos instrumentos populares tradicionais com arranjos contemporâneos e não passou despercebida, entre outros, à editora americana Ellipsis Arts, que incluiu esse trabalho na compilação “Unblocked- The Music of Eastern Europe”. A originalidade e qualidade deste primeiro álbum levaram DD Synthesis a actuar em 1998 em vários festivais europeus e em 1999 a uma grande tournée no Japão. O seu segundo álbum editado em 2000, “Swinging Macedonia”, veio confirmar o grupo de excepção que é DD Synthesis.

Aneta Shulankovska, Biljana Ristevska e Mirjana Josheska nascidas na década de 70, estudaram durante mais de dez anos a técnica vocal do canto da Macedónia.Vane Jovcev estudou piano na Academia de Música de Skopje. Goce Uzunski, membro da Orquestra Filarmónica da Macedónia, estudou percussão na mesma academia e é um dos melhores instrumentistas de tarabuka e tapan, um tambor que no passado era usado em alguns rituais religiosos, através do qual se comunicava com os deuses e os espíritos dos antepassados, que dava o ritmo às danças e às canções populares e que é tocado com uma técnica própria, provavelmente herdada do Oriente.

Marjan Jovanovski é um especialista da tambura, um instrumento de cordas muito semelhante ao bouzouki grego, com uma longa tradição na Macedónia. No passado a tambura era sobretudo um instrumento a solo, mas também um acompanhamento nas canções populares.

Radoslav Shutevski, o elemento mais velho do grupo, nascido no final dos anos 40, é um dos mais experimentados percussionistas da Macedónia. Antes de se juntar a DD Synthesis, tocou em diferentes grupos de jazz, de música pop, tradicional e clássica.

Goce Dimovski, o único elemento novo em relação à formação inicial, é um exímio tocador de kaval, gaida e zurla. Kaval é uma flauta pastoril que se toca normalmente em par, uma feminina e uma masculina. Enquanto um músico toca a melodia principal, o outro acompanha-o num tom designado por bourdon. A gaida é a gaita de foles da Macedónia, de longe o instrumento mais popular, que está sempre presente nos casamentos (o ditado diz mesmo que casamento sem gaita não é casamento), nas festas, nos bailes e que era tocada pelos pastores. A zurla é um instrumento de sopro normalmente acompanhado por um ou dois tapan, que segundo alguns foi trazida da Pérsia para os Balcãs pelos ciganos e segundo outros pelos turcos durante o Império Otomano. A verdade é que há uma técnica oriental, que tem a ver com a respiração, para tocar a zurla e é essa técnica que é usada na Macedónia. Voltar ao Topo

 

 

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