Alguns dos 506 instrumentos entregues pelo Inatel

O folclore e as tocatas estão bem e recomendam-se. Esta poderia ser uma das conclusões a tirar de um encontro de músicos tradicionais promovido pelo Inatel com o intuito de entregar 506 instrumentos (entre bandolas, concertinas de três carreiras e duas carreiras, harmónio, cavaquinhos, violas braguesas, gaitas de beiços, guitarras e bombos artesanais) a 162 associações do Norte e Centro do País para que continuem a fazer o trabalho que até aqui tem sido desenvolvido - fomentar o interesse dos jovens pelas suas origens.

Segundo afirmou ao Correio da Manhã Henrique Rabasso, coordenador cultural da Divisão de Etnografia do Inatel, os grupos cada vez se preocupam mais com a qualidade e com a procura pela sensibilização dos jovens, notando-se uma grande presença juvenil a querer "tocar instrumentos tradicionais, o que não acontecia a alguns anos atrás". Este é um incentivo que a estrutura estatal tem estado a proporcionar às associações desta área através da promoção de escolas de música tradicional - desde o ensino da concertina aos cavaquinhos e aos harmónios - dirigida para jovens entre os sete e os 15 anos.

De acordo com aquele responsável, "mais de 80 por cento dos componentes de um grupo" desta natureza são jovens, sendo esta uma realidade que considera objectiva, sem ligação à música tradicional, adiantando, no entanto, que os jovens começam a querer ir às raízes. Defendendo uma maior atribuição de subsídios a este tipo de cultura, Henrique Rabasso, desabafou que "se a Companhia Nacional de Bailado e diversas outras companhias são subsidiadas, porque é que a cultura tradicional não é subsidiada?", sublinhando que se trata de uma questão política que "compete ao Governo". Excerto de um texto de Ana Sofia Pinheiro, Publicado no Correio da Manhã de 12 de Março de 2001