Lisboa
Omara Portuondo
A intérprete da emoção cubana
Lisboa, Coliseu dos Recreios, 21 de Abril de 2001Considerada uma das melhores cantoras de bolero de Cuba, Omara Portuondo
é dona de voz macia e intensa, que aos seus 70 anos é considerada a melhor artista
cubana nesta vertente, tendo sido a protagonista duma das passagens mais comoventes no
documentário "Buena Vista Social Club" do realizador alemão Wim Wenders, filme
que acabou por celebrizar internacionalmente a música cubana e os seus intépretes.
A sua vida artística começou verdadeiramente por uma ironia do destino, em
1945. Inúmeras vezes, Omara assistia aos ensaios de sua irmã, Haydee, no conceituado
cabaret 'Tropicana' em Havana. Por acidente, Portuondo acabaria por preencher o lugar de
uma bailarina que, há uns dias da estreia do espectáculo, se despedira sem deixar rasto.
Como já sabia o papel de cor, Omara agarrou a oportunidade com garra. Este seria o ponto
de viragem na vida de Omara Portuondo iniciando, primeiramente, uma carreira como
bailarina com a ajuda do talento de Rolando Espinosa. Aos fins-de-semana actuava no grupo
Loquibambla Swing, cantando temas conceituados do jazz americano. Mais tarde, em 1952,
formaria um dos mais importantes quartetos femininos na história da música cubana.
Omara primeiro integrou um grupo chamado "Cuarto de Orlando de la
Rosa", tendo-se unido depois à banda feminina Anacona. É então em 1952, que passou
a fazer parte do quarteto Aida Diestro, onde permaneceu por quinze anos. Durante esse
tempo, desenvolveu a sua carreira a solo, trabalhando com vários artistas lendários do
mundo do espectáculo, como foi o caso de Nat King Cole e Edith Piaf.
Magia Negra (1959) foi o primeiro álbum a solo de Omara, marcante no
"enamoramento" entre os sons quentes de Cuba e o jazz norte-americano,
"personificado" nas versões dos temas "Caravana" (de Duke Ellington)
e "The Old Black Magic". Mais tarde seguir-se-iam Esta Es Omara Portuondo,
'Palabras', 'Desafios'. Omara chegou, em 1995, a gravar com os The Chieftains por
intermédio de Ry Cooder, que a convidaria igualmente para encabeçar um fantástico
bolero com Compay Segundo, para o álbum Buena Vista Social Club. Hoje, Omara Portuondo
dirige sua própria orquestra em Cuba. Texto
com Base no Vida.pt (Sara Oliveira)