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Na Lúa (Galiza)

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Festival
Grupos presentes no
II Festival Intercéltico de Sendim

Sendim - 3, 4 e 5 de Agosto de 2001

O II Festival Intercéltico de Sendim vai realizar-se de 3 a 5 de Agosto, trazendo vários propostas musicais de Portugal e da vizinha Espanha, tendo ainda espaço para as conferências, animações de rua e exposições. Fique aqui com as biografias dos vários grupos musicais presentes, um trabalho desenvolvido pela "Sons da Terra", e que espelha a forte vocação de estudo e divulgação realizada por esta editora e produtora.

6ª feira, 3 Agosto de 2001, às 21:00h
Realejo
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Por vezes assim acontece: uma música emergindo de um tempo sem tempo apodera-se de todos os nossos sentidos, fazendo de cada som e de cada silêncio um momento verdadeiramente único de celebração da nossa vida colectiva. Os sons do grupo realejo, sabêmo-lo, transoportam-nos para o sortilégio da (re)descoberta das nossas raízes originais, estabelecendo laços e relações tão insuspeitas como inesperadas. São assim as músicas da terra!…

De um modo geral, o grupo Realejo começou por se dedicar à interpretação da música das tradições europeias (a partir de tempos medievos), com particular incidência na música para sanfona – instrumento que, durante o séc. XIX, desapareceu do universo musical português e que Fernando Meireles Pinto, com labor pioneiro entre nós, recuperou, reconstruindo-o a partir de diversas fontes, nomeadamente das figuras de presépio dos séc. XVII e XVIII, da autoria do escultor Machado de Castro.

Criado em finais de 1990, o grupo surgiu, pois, como uma consequência natural de todo um trabalho de investigação e de recuperação de instrumentos específicos da música tradicional portuguesa, com particular destaque para a sanfona, como afirmou Fernando Meireles: "O repertório do Realejo está, de facto, vocacionado para a sanfona. O que temos feito até agora é tocar toda a música que existe para a sanfona, desde a Idade Média, passando pelos românticos do séc. XVIII, pelos compositores franceses que escreveram para a sanfona e pela música tradicional. A pouco e pouco, temos vindo a adoptar outra espécie de caminho, com composições nossas."

De referir o facto de Fernando Meireles integrar também nos seus estudos organológicos instrumentos como a viola beiroa e a viola toeira – instrumentos que considera serem de uma beleza rara – numa linha de acção-projecto de enraizamento expressivo da recriação da música tradicional portuguesa que iniciou em 1984.

A música veiculada pelos realejo sugere-nos uma viagem de características acentuadamente inetrcélticas, sendo de realçar os ecos bretões e galegoas, ao lado do repertório extraido do legado tradicional sobretudo do Norte de Portugal. A este propósito, não deixa de ser revelador e determinante o facto de o trabalho do grupo procurar, na diversidade expressiva, as raízes culturais identificadoras, num processo-projecto rigoroso, recusando modas e oportunismos nas suas abordagens acentuadamente folk.

O talento e a criatividade dos Realejo encontram-se testemunhados por duas obras a todos os títulos referenciais no contexto da melhor folk portuguesa: Sanfonia (1995) e Cenários (1998). Conjugando mestria e virtuosismo com emoção e entusiasmo, os Realejo são um daqueles grupos que fazem a diferença no seio de um movimento folk. A sua música arranca do legado/inspiração tradicional e inscreve-se no contexto das eurofonias folk em tons maiores de excelência (re)criativa.

Amadeu Magalhães: gaita de foles, flautas, concertina, braguesa e cavaquinho | Fernando Meireles: sanfona, bandolim, cavaquinho | Qui Né: percussões | Rui Barros: violoncelo | Miguel Veras: viola
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6ª feira, 3 Agosto de 2001, às 22:00h
Na Lúa
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Em princípios dos anos 80, um grupo de jovens do Porriño, numa Galiza muito próxima das lusas terras, partilhou o palco com o grupo Doa, então já uma referência incontornável da primeira vaga folk na Galiza. E desde logo ficou bem claro que pretendiam instalar-se bem na frente da modernidade expressiva dessa mesma folk, assumindo as mais diversas influências/convergências, conforme fez questão de exprressamente o referenciar Antón Rodriguez, um dos fundadores do grupo: "Na Lúa é um grupo originário do Porriño, em Pontevedra. Portanto, somos galegos. Mas em qualquer caso e como um grupo permeável que sempre fomos, na nossa música confluem sons e referências que vêm do norte, do centro e do leste da Europa, da Ásia e do norte de África. Também nos influenciou de forma decisiva e especial a nossa proximidade geográfica com Portugal, país com o qual também temos uma grande proximidade cultural."

De algum modo contrariando a mais recente tendência para se convidarem músicos e instrumentistas famosos para colaborações na feitura de discos (eles que em anteriores trabalhos discográficos contaram com o apoio de outros músicos e que têm partilhado palcos com artistas como The Chieftains, Capercaille, Malevaje, La Frontera e Värttina, entre outros), Na Lúa chamaram gente da música tradicional para colaborar no álbum Feitizo, alguns dos quais mesmo não anteriormente gravados.

E vinte anos de vida permitem-lhes ter já uma ideia muito clara sobre toda a evolução do movimento folk na Galiza, como o refere Antón Rodriguez, um dos históricos do grupo: Nos anos 70 havia na Galiza um movimento com muita repercussão, chamado Voces Ceibes, semelhante ao movimento catalão da Nova cançó. Faziam parte desse colectivo grupos e artistas muito comprometidos, inclusivé politicamente. Havia gente que cantava com a sua guitarra e começaram a aparecer os primeiros grupos, como Fuxan os Ventos.

Em princípios dos anos 80, apareceu uma nova corrente musical, iniciada pelos Milladoiro e no qual nós nos inserimos. O que se pretendia era recuperar o som da música tradicional galega e dignificar o som da gaita, que não era utilizada pelos cantautores. Nessa altura apareceu o som da música galaica, com amplos pontos de ligação com a música bretã, irlandesa e escocesa. Cria-se com essas culturas um vínculo, uma espécie de irmandade e registam-se influências fortes na medida em que somos consumidores dessas músicas celtas. Em princípios dos anos 80 havia um compromisso social e político e assistiu-se a uma grandiosa explosão de propostas comprometidas com este tipo de posturas e atitudes musicais.

E neste contexto o contributo dos Na Lúa foi, importa reconhecê-lo, tão importante como decisivo, pela teimosia e pela persistência, pela crença num projecto cultural de dignificação e vaçorização da música galega. E, hoje, os Na Lúa permanecem, por mérito próprio e com toda a legitimidade derivada dessa postura de intransigência, como uma das mais importantes e influentes formações da folk galega.

Antón Rodriguez: gaita, saxofone, flautas | Cándido Lorenzo: gaita, clarinete, flautas | Ricardo Pereiro: guitarra baixo | Xavier Camba: bateria, percussões | Xavier Debesa: acordeão, voz | Xosé Paz Antón: guitarra, voz Voltar ao Topo

Sábado, 4 Agosto de 2001, às 21:00h
Felpeyu
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O espaço privilegiado para a divulgação da nossa música é a sociedade asturiana, para a qual se destina o nosso trabalho e do qual é a correspondente depositária. Assim, consideramos que somos mais um elemento do processo de recuperação e de dignificação da cultura das Astúrias.

Os Felpeyu integram a linha da frente mais expressiva e enraizada da folk asturiana, com uma vigência e uma validade culturais verdadeiramente singluar e exemplar. E, neste sentido, são determinantes as fontes às quais recorrem para a reelaboração folk da música tradicional asturiana: cancioneiros de música popular, partituras e manuscritos de música coral harmonizada de cantares populares, arquivos sonoros de grupos de investigação etnográfica, a música popular do dia a dia das gentes, e, naturalmente, as suas próprias composições baseadas em estruturas e ritmos tradicionais.

Nos Felpeyu permanecem actualmente dois músicos fundadores do grupo, Igor Medio e Ruma Barbero. Igor Medio, natural de Xixón, em plena terra asturiana, cresceu no seio de uma família particularmente devotada ao canto coral, tendo efectuado estudos de música clássica. Depois de algumas experiências nos domínios mais expressivos do rock e dos blues, Igor Medio passou a consagrar-se mais à música folk (começou por instrumentos como a guitarra e o bandolim mas logo mais se fixou no bouzouki, dio qual é um talentoso executante), tendo-se destacado pelo seu estilo bem pessoal em elaborar arranjos e interpretações da música tradicional asturiana Quanto a Ruma Barbero, nascido em Somió, terra pertencente ao concelho de Xixón, formou em 1991 com Igor Medio os Felpeyu quando ambos se encontravam em Salamanca, estudando na Faculdade de Belas Artes e do qual faziam ainda parte dois galegos de Ourense, os irmãos gémeos Cástor e Félix Castro. Ruma foi aluno do grande gaiteiro asturiano Manolo Quirós mas acabaria por se dedicar ao bodhran e percussões, sendo mesmo um dos pilares essenciais da rítmica do grupo.

Um outro aluno de um grande gaiteiro das Astúrias (o mestre Xuacu Amieva) é Xuan Nel Expósito, natural de Villamiana, concelho de Uvieu, que se juntou aos Felpeyu em 1994, tendo trabalhado com um dos mais importantes e prestigiados colectivos de investigação etnográfica da região, o influente Andecha Folclor, bem como tocado gaita de foles nos inícios dos Llan de Cubell, também um dos mais importantes grupos da folk asturianas de hoje e de sempre. No entanto, o principal instrumento de Xuan é o acordeão diatónico, cujas técnicas específicas das Astúrias aprofundou e ensina às mais jovens geracões de acordeonistas do país. Também tendo passado originalmente pelos Llan de Cubell (do qual foi um dos membros fundadores e com o qual continua a colaborar regularmente), Elías Garcia nasceu e vive em Uvieu, tendo começado por tocar gaita e whistle em meados dos anos 80, passando depois pelo bouzouki e acabando por se fixar, em inícios dos anos 90, no violino, instrumento para o qual se tornou um dos principais responsáveis pelo resgate da técnica do mesmo nas Astútias.

Mas os Felpeyu contam ainda com a colaboração de um músico nado e criado em Xixón, Carlos Redondo, sem dúvida o membro do grupo com maior e mais varida experiência: trabalhou intensamente na cena rock (como músico e professor, produtor e engenheiro de som) sendo amplamente conhecido pela sua integração no célebre grupo de pop-rock asturiano Los Locos (guitarra baixo e voz principal). O seu envolvimento com a cena folk aconteceu nos inícios dos anos 90, tendo produzido em 1994 o primeiro disco dos Felpeyu, após o que passou a fazer parte do mesmo.

Vindo de fora das Astúrias (nasceu em Valladolid, cidade situada em terras de Castilla-Léon), Fernando Oyagüez começou por receber uma formação musical clássica, após o que descobriu a música folk, tendo passado pelo grupo la Bazanca, antes de se juntar, em 1997, aos Felpeyu. O que de modo algum o impediu de continuar a cultivar a música folk castelhana, tendo mesmo introduzido no repertório dos Felpeyu um set de temas castelhanos.

Por fim, a mais recente aquisição do grupo, Lisardo Prieto, entrado em 1999, um pixuetu (de El Pitu, concelho de de Cuideiru), estudou gaita asturiana mas logo mais se passou para o violino, tendo tido como mestre o violinista Guzmán Marqués. Depois de alguns anos passados a melhorar a sua técnica, estudando quer nas Astúrias quer no estrangeiro, Lisardo Prieto elaborou cuidadosas investigações sobre a aplicação da ornamentação da gaita asturiana ao violino, sendo hoke o principal professor do instrumento nas Astúrias
A excelência expressiva dos Felpeyu encontra-se invulgarmente documentada num álbum ao vivo recentemente editado, gravado na sequência de uma longa e extraordinariamente aplaudida tournée realizada pelo grupo na Austrália.

Xuan Nel Expósito: acordeão, gaita asturiana | Ruma Barbero: bofhran | Igor Medio: bouzouki, voz | Fernando Oyagüez: violino, voz | Lisardo Prieto: violino, voz | Carlos Redondo: guitarra, baixo eléctrico e voz principal Voltar ao Topo

Sábado, 4 Agosto de 2001, às 22:00h
Bùrach
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Bùrach display verve, skill and imagination as they smack the ceilidh adventure button… This will have lovers of modern Celtic fusion music struggling to find the right superlatives… Não raro, na primeira leitura dos press releases que nos chegam ficamos com a sensação de que há um mais que evidente exagero da parte dos publicitários que sempre se “escondem” por trás deste tipo de informações no sentido (legítimo) de procurarem promover os grupos e influenciar desde logo os promootres e organizadores. No entanto, por vezes, tais palavras acabam por revelar-se perfeitamente adequadas e expressivas, como sucedeu com aquele extracto de um texto sobre os Bùrach.

It’s fast and furious and obviously there’s a strong base, but there’s a poppy side to it as well, and rock. Tgere’s stuff you can really dance to and stuff you can have a good listen to. Something for everybody, I think. Eis como descreve Ali Cherry a música dos Bùrach, um grupo criado ne cidade escocesa de Edinburgh em 1994, justamente no ano em que venceu a prestigiada Scottish Folk Band Competition, desde logo se projectando para cena folk britância e europeia com invulgares níveis de competitividade.

O repertório do grupo – conjungando a música tradicional escocesa com ritmos modernos e apelativas composições próprias – assume-se como sendo seriamente escocês e tem-lhes valido a adesão do público mais exigente e de forma a todos os títulos surpreendente, sinal inequívoco da força expressiva que levaria o Scottish Arts Council (em conjugação com a BBC Scotland., The Scottish Music Information Centre, The Scottish Trade International e The British Council) a incluir, em 1999, o grupo numa compilação discográfica justamente intitulada Seriously Scottishn.

Nos anos de 1994 e de 1995, os Bùrach efectuaram digressões pela Escandinávia, França, Itália e Holanda, tendo sido mesmo o grupo de suporte de formações como os Bog Country, Tom Robinson, De Dannan e The James Taylor Quartet. O álbum de estreia do grupo, intitulado The Weird Set, publicado em 1995, alcançou sucesso invulgar e, depois de ter sido amplamente apresentado em concewrtos ao vivo, levou o grupo de novo para os estúdios, do que resultou a publicação de Born Tired, do qual “saltaram” desde logo composições para compilações que se tornaram verdadeiramente referenciais: The Electric Muse IIe Folk’n Hell (EMI).

Em 1999, os Bùrach percorreram todo o reino Unido e a Noruega, com passagem por alguns dos mais prestigiados festivais, sendo mesmo a única banda não irlandesa a ser convidada para tocar no Cross Culture Music Festival, em County Clare, na Irlanda. E depois de uma intensa digressão pelos Estados Unidos, seguir-se-iam actuações na escandinávia (Suécia e Noruega), com incursões na Ásia (bangkok e Hong Kong), Médio Oriente e regresso a numerosos países da Europa (Holanda, Bélgica, espanha, Alemanha, Itália, frança e Reino Unido). Após o que se assistiria ao seu regresso aos estúdios, em dezembro de 1999 e Janeiro de 2000, para a gravação do terceiro álbum, intitulado Deeper, uma vez mais recolhendo louvor unânime da crítica da especialidade e aprovação generalizada do público folk que já os tinha mais que consagrado nas suas actuações ao vivo. O que foi, aliás, decisivo para a passagem de todos os seus elementos a profissionais da música.

Ali Cherry: voz | Doug Anderson: guitarras, bandolim e coros | Eoghain Anderson: bateria e percussões | Greg Borland: violino eléctrico e coros | Roy Waterson: guitarra baixo e coros | Sandy Berchin: acordeão e coros Voltar ao Topo

Sábado, 4 Agosto de 2001, às 18:00h (Largo da Igreja)
Tradere
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As nossas relações de amizade com Jaime Lafuente foram sempre de cumplicidade, ciclicamente renovadas e partilhadas durante as celebrações intercélticas na lusa terra e nos encontros musicais segovianos de todos os contentamentos. Das suas andanças musicais retinhamos um já distante álbum a solo e uns cantos do ciclo natalício recriados pelos Tradere, grupo por ele formado juntamente com Eugenio Rodriguez, companheiro de La Carraca.

É mais ou menos consensual o facto de a música folk castelhana ter permanecido durante muito tempo sacralizada em formas/fórmulas assentes numa base instrumental de rondalla, com homens instrumentistas que cantam e mulheres que cantam e tocam percussões. Este era, digamos, o arquétipo reinante, esgotado, que inquietava muitos dos novos músicos e instrumentistas chegados à folk. Jaime Lafuente e Eugenio Rodriguez, os músicos que deram corpo e alma ao projecto Tradere, tinham concluido, à semelhança de outros companheiros, que se impunha uma nova atitude, susceptível de operar a mudança, transformadora e renovadora: Desde há muitos anos que se verifica uma necessidade de superação daquele modelo e de evolução da música para aspectos mais contemporâneos. Mas como é preciso melhorar sem desvirtuar, é fundamental um conhecimento externo e interno de tudo o que se tinha feito.

A importância de conhecer os caminhos feitos para melhor ir definindo os caminhos a percorrer. E, nesta ordem de ideias, o caso de Tradere é verdadeiramente paradigmático: Jaime Lafuente e Eugenio Rodriguez são músicos muito familiarizados com a multiplicidade expressiva da música tradicional, aos mais diversos e distintos níveis, tendo feito parte integrante de formações, grupos e projectos que deixaram marcas indeléveis no panorama da folk castelhana. Jaime Lafuente, justamente considerado como sendo um dos mais importantes intérpretes da música tradicional castelhano-leonesa, participou na gravação de Colectivo I, reconhecido como sendo uma das experiências mais interessantes da música folk da sua região e publicou, a solo, o álbum Divergente, obra a todos os títulos referencial que lhe valeu numerosos concertos e lhe abriu as portas dos principais festivais folk do estado espanhol.

Jaime Lafuente permanece como um dos pilares desse grupo que é uma verdadeira instituição em Espanha, La Carraca, com o qual gravou já uma boa meia dúzia de discos. Eugenio Rodriguez inclui na sua carreira de músico, instrumentista e autor de arranjos a participação em grupos como La Fanega, Barbecho e Esgueva, bem como colaborações em gravações de numerosos artistas, entre os quais destacamos Joaquin Diaz e Maria Salgado (quer como instrumentista quer como responsável por arranjos). Do mesmo modo que Lafuente, Eugenio Rodriguez faz parte de La Carraca, grupo cujo espectáculo infantil em torno da música tradicional é unanimemente considerado de inexcedível expressividade.

Assim, é absolutamente natural que no repertório de Tradere confluam justamente muitas e variadas melodias provenientes do legado tradicional e popular, tais como jotas, romances e rondas, passando por cantos de trabalho, berceuses e canções picarescas, entre outras. Acresce, ainda, um extraordinário conhecimento de toda uma multitude de expressões folk ibéricas (com particular destaque para a atenção prestada por Jaime Lafuente ao que por lusas terras se faz) e europeias.

E proporcionando muito mais do que alguns momentos agradáveis, Andar Andola, o recente trabalho discográfico de Tradere, é uma lufada de ar freco e de bom gosto ao serviço da melhor folk castelhana que nos foi dado ouvir nos últimos tempos.

Eugenio Rodriguez: flauta, oboé, violoncelo, dulzaina e voz | Jaime Lafuente: voz | Jesús Ronda: guitarra | Jesús Hernández: guitarra baixo | German Díaz: sanfona e percussões (Convidado) Voltar ao Topo

Sábado, 4 Agosto de 2001, às 17:00h (Largo da Igreja)
Os Xarelos
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Era Janeiro e chovia abundantemente na Corunha. Por sugestão do gaiteiro António Rangel, demandámos as brumosas terras do norte da Galiza para estabelecer contactos com gentes segundo ele sempre disponíveis para darem testemunho da sua cultura musical tradicional na Terra de Miranda, por ocasião das sazonais celebrações intercélticas em Sendim.

O convite para participarem numas jornadas musicais em terras mirandesas era, só por si, inegavelemnte sedutor; mas se acrescentarmos uma galaica paixão por estas andanças da cultura popular, então tornava-se um convite de todo irrecusável. O que “jogava” nitidamente a favor das nossas inquietações e propósitos: assegurar uma forte e multidiferenciada presença da Galiza em Sendim. E, neste sentido, Os Xarelos, disponíveis para animação de rua e trabalho de palco, bem como para as longas noites de passagem para a descoberta das alvoradas mirandesas.

O grupo, inserido por opção fundamental na área da música tradicional galega, foi criado em 1995, na Corunha, por um núcleo de entusiastas da música tradicional galega. Os seus objectivos foram desde logo clara e inequivocamente definidos: o estudo e a divulgação da música da gaita de foles da Galiza, com uma atitude/perspectiva de absoluto respeito pela tradição dimanada dos velhos gaiteiros galegos.

E, de facto, a música do grupo caracteriza-se por um escrupuloso respeito pelas melodias originalmente compostas ou recolhidas, bem como pelo modo da respectiva interpretação. Os Xarelos – cujo nome se refere, segundo o Dicionário Xeraes da Lingua Galega, quer a uma criança alegre e espevitada quer a uma pessoa de pouco senso, bem como a uma mulher que aprecia muitos homens!… - estão compostos por dois gaiteiros, um tamborileiro, um bombeiro e uma pandeireteira, sendo o respectivo repertório constituido por cerca de duas centenas e meia de tamas bem expressivos da enorme riqueza e diversidade da música tradicional galega. Tendo percorrido toda a vasta geografia galega, os Xarelos já actuaram noutros locais do estado espanhol, deslocando-se agora a Portugal para darem testemunho da sua entrega entusiástica às tarefas da defesa e divulgação da música tradicional galega.

Com a apresentação do grupo Os Xarelos nas celebrações intercélticas de Sendim vai acontecer um (re)encontro coma a expressão mais autêntica e enraizada da Galiza mais profunda, terra de todos os encantamentos e seduções com a qual partilhamos um fundo cultural comum. Voltar ao Topo

Domingo, 5 Agosto de 2001, às 15:00h (Largo da Igreja)
Lelia Doura
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Em Abril de 1999, a Lelia Doura – Gaitas da Gallaecia apresentava no Teatro Rivoli (Porto) uma exposição subordinada ao tema “A Gaita e o seu Ambiente” constituída por fotografias, gravuras, desenhos, notas explicativas, gaitas e outros instrumentos musicais e de percussão, ponteiros, palhetas, bordões, etc. O evento, enquadrado numa soma de actividades anteriores, foi outra maneira da Lelia Doura vir à luz, de se dirigir ao público e de ganhar novas amizades. De facto, não faltou quem apoiasse entusiasticamente a iniciativa de fundarmos uma associação cultural dedicada ao estudo, divulgação e dignificação da Gaita de Foles.

Como não se lhe prestou a atenção devida, a Gaita ficou reduzida à condição de instrumento rural ou pastoril e assim tem sido até agora. Houve quem lhe dedicasse algum tempo, mas não o suficiente para a elevar à categoria que merece, que é o que o grupo pretende. Espera-se que com os estudos e a dedicação que estamos decididos a prestar-lhe, seja acolhida nos meios culturais e musicais com a simpatia e o carinho que lhe são devidos e que seja encarada, não como um adorno ou como uma curiosidade, mas como um instrumento que, só ou acompanhado de outros instrumentos, é capaz de oferecer belíssimos concertos e recitais.

Domingo, 5 Agosto de 2001, às 15:30h (Largo da Igreja)
Las Fraitas
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Este é um projecto de musica tradicional, que visa dar um novo impulso à recuperação do cancioneiro mirandés. Isto através do alargamento do repertório para flauta pastoril com tamboril , tal como o dos gaiteiros, já recolhido até a data. Assim como o aperfeiçoamento das técnicas de execução instrumental que o tempo e outros factores fizeram cair em desuso. Desta forma torna-se premente a procura fiel e credível da execução instrumental das modas do cancioneiro. Para isso, a experiência dos elementos do grupo, dá um contributo imprescindível no sentido de poder levar a cabo um projecto desta natureza.

Cada um dos elementos do grupo reúne características muito peculiares, que todas juntas fazem um somatório deveras interessante. Estes quatro músicos têm essencialmente duas coisas em comum; são todos mirandeses e são os únicos que possuem a experiência de vários anos ( nalguns casos bastante mais que noutros) tocando ao vivo flauta pastoril e tamboril a par com a gaita de foles mirandesa. O grupo já gravou um disco cujo lançamento está previsto para Agosto de 2001, com a chancela da editora Sons da Terra.

Passando às personalidades dos músicos componentes do grupo, que abrangem várias idades, pois o Ângelo Arribas e o Aureliano Ribeiro são sexagenários, o Abílio Topa perto dos quarenta e o Célio Pires dos trinta. De seguida aqui vai uma breve biografia, referente às várias actividades dentro da cultura mirandesa desenvolvida por cada um deles:

Aureliano Ribeiro: Natural de Constantim, aldeia situada na parte norte do concelho de Miranda do douro. Filho daquele que era provavelmente o maior tocador de fraita das terras de Miranda o Virgílio Cristal. Hoje é gaiteiro e flautista num grupo instrumental de Constantim, denominado l´s geiteiros d´la raia por ele fundado, que conta com várias actuações em Portugal e no estrangeiro, também é gaiteiro dos Pauliteiros de constantim. Tem em sua casa uma oficina de artesanato onde confecciona trajes tradicionais mirandeses tais como: trajes dos pauliteiros, dos tocadores, das dançadeiras, e as emblemáticas capas de honra mirandesas.

Célio Pires: Natural de Constantim, junto a raia espanhola, também integra o grupo acima citado, (que consta em vários registos discográficos) e dos pauliteiros locais. Foi o primeiro dos poucos jovens mirandeses construtores de instrumentos tradicionais, a iniciar a sua actividade. Conseguindo um nível bastante razoável na afinação e sonoridade das suas gaitas de foles que têm como é compreensível devido à proximidade, influência da terra espanhola de Aliste. Fabrica também flautas pastorís.

Ângelo Arribas: Natural de Freixenosa aldeia situada na parte sul do concelho nas arribas do Parque Natural do Douro Internacional. É construtor de instrumentos tradicionais; gaitas de foles, flautas pastorís, caixas, bombos etc... Tocou desde moço flauta de tamborileiro e caixa no mundialmente famoso Rancho dos Pauliteiros de Miranda, de Duas Igrejas sob a direcção do padre António Mourinho. Actualmente colabora com vários grupos de pauliteiros do planalto Mirandés e tem o seu trio de tocadores com quem já gravou vários registos discogáficos.

Abílio Topa: Natural de fonte de Aldeia, também situada no sul do concelho, terra plana por excelência. Dedica-se à recolha, investigação e ensino da música tradicional mirandesa, tendo promovido e participado em publicações e gravações discográficas nesta área. Em 1996 criou o grupo Galandum Galundaina, que teve um papel significativo no “ relançar “ da cultura mirandesa junto dos mais jovens. Neste grupo tocava gaita de foles e flauta com tamboril. De momento a sua actividade no âmbito da música tradicional mirandesa, está direccionada para o projecto las fraitas do qual é o mentor.

Em palco este o grupo aposta num espectáculo versátil, no qual são tocados por cada um dos membros todos os instrumentos usados na actuação que são: flauta pastoril com tamboril, caixa, bombo, pandeireta, ferrinhos, castanholas e gaita de foles, um de cada vez de forma rotativa conforme a moda apresentada. Alguns números incluem, duos de flauta pastoril, de gaitas de foles, e modas
cantadas.

 

 

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