Quinta da Atalia - Amora,
Seixal
Grupos e Músicos participantes na
25ª Festa do Avante 2001
7, 8 e 9 de Setembro 2001A
Quinta da Atalaia vai ser palco de dezenas de espectáculos a preencher os dias e as
noites do fim de semana alargado de 7, 8 e 9 de Setembro. São ao todo três dias de
Música, desporto, teatro e várias outras actividades.
6ª Feira, dia 7 de Setembro, às
22:30h, Palco 25 de Abril
Zeca Baleiro (Brasil)
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O Brasil é mesmo assim: nunca pára
de nos surpreender com fornadas ininterruptas de talento. Cada nova geração surge
naturalmente, como se a articulação com a velha guarda fosse perfeita. Zeca Baleiro tem
vindo, ao longo dos anos, a afinar cada vez mais as suas composições por um diapasão
verdadeiramente estimulante.
Com uma carreira iniciada há 15
anos nos palcos de São Luís, Belo Horizonte e São Paulo, Zeca Baleiro começou a ter
impacto no Brasil depois da participação no Acústico MTV da cantora Gal Costa. Baleiro
chega até nós com dois discos de ouro no curriculum ("Por Onde Andará Stephen
Fry?" e "Vô Imbolá"), uma nomeação para o Grammy da Música Latina do
ano 2000 como o "Melhor Álbum Pop", e troféus como o de "Melhor
Cantor" em 1999 da Associação Paulista dos Críticos de Arte e o Prémio Sharp em
1998 na categoria pop-rock (melhor música, melhor disco e revelação).
O primeiro CD atrás referenciado
foi lançado em 1997 e revelou um compositor talentoso, com um vozeirão sensual, um humor
refinado e uma poesia original a que se junta uma forma peculiar de tocar o violão.
Carismático, o artista cativa as plateias e conquista público de todas as idades.
O segundo disco, "Vô
Imbolá" consolidou o nome de Baleiro que resolveu bem o problema que lhe causava o
enorme êxito do primeiro trabalho. Até a forma de o lançar no mercado ficou
celebrizada: foi na sua cidade-natal, São Luís, através de um desfile, onde o próprio
músico se integrou, de bicicletas decoradas a simbolizar o projecto de misturas musicais
e culturais que Baleiro concretiza.
Para além dos projectos próprio,
Baleiro envolveu-se também no espectáculo "Mãe Gentil" do coreógrafo Ivaldo
Bertazzo, fez a produção de discos das cantoras Ceumar e Patrícia Amaral e participou
na elaboração do Songbook de Chico Buarque e no Projecto Lusofonia de Martinho da Vila.
Acabado de lançar em Portugal está
o terceiro disco de Baleiro, intitulado "Líricas" que mudou a sonoridade
habitual do artista, que aqui abandona a valorização rítmica em favor da reflexão e da
poesia.
Para este ano Zeca Baleiro prevê
ainda realizar uma homenagem à escritora Hilda Hilst, produzindo um disco com poemas de
Hilda musicados e que resulta da gravação de um espectáculo ao vivo que contou com as
participações especiais de Sivuca, Elza Soares e Rita Ribeiro.
6ª Feira, dia 7 de Setembro, às
20:00h, Palco 25 de Abril
Companyia Elèctrica Dharma
(Catalunha)
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Esta "Companhia Eléctrica
Dharma" que visita este ano a Festa do "Avante!" é proveniente da
Catalunha e afirma-se como tendo o objectivo de fazer música que represente a
sensibilidade e a mentalidade dos povos do Mediterrâneo.
Há já 26 anos que o fazem. Tudo
começou em 1976 quando os fundadores do grupo, os irmãos Esteve, Joan e Josep quiseram
ligar os instrumentos típicos do rock (bateria, baixo, guitarra eléctrica e
sintetizadores)à tradição do folclore da Catalunha e dos povos do Mediterrâneo. Para
isso juntaram a essa formação um saxofone cuja fnção é a de reproduzir o papel de um
instrumento típico catalão, a "tenora".
Daí até cá já saíram nada mais,
nada menos, que 18 discos: "Diumenge" (1975); "L'Oucomballa" (1976) em
colaboração com a celebérrima companhia de teatro Els Comediants.
"Tramuntana" (1977), "L'Angel de la dansa" (1978), "Ordinàries
Aventures" (1979) e "L'Atlàntida" (1981) foi a sequência que se seguiu
com este último disco a justificar um espectáculo em Barcelona no Festivals of La Mercè
para uma audiência de 100 mil pessoas.
A seguir publicaram-se "Al
Palau amb la Cobla Mediterrània" (1982), "Catalluna" (1983), "Força
Dharma!, Deu anys de resistència" (1985), "No volem ser" (1986),
"Homenatge a Esteve Fortuny" (1987) (Esteve, um dos fundadores, morrera depois
de um concerto em 1986), "Fibres del cor" (1989), "Tifa head" (1991),
"Que no es pedir aquest so" (1993), "20 anys de Companyia Elèctrica
Dharma" (1994), "El ventre de la bèstia" (1996), "Racó de Món"
(1998) e o seu último trabalho, "Sonada!" (2000) um CD que foi apresentado no
grande festival Rock in Rio III em Janeiro deste ano.
Com esta carreira impressionante, a
Companyia Elèctrica Dharma, que tenta definir o seu som como "qualquer coisa entre a
música progressiva e a world music", cria obrigatoriamente grandes expectativas a
todos os que gostam de conhecer outros sons da música popular.
Domingo, dia 9 de Setembro, às
15:00h, Auditório 1º de Maio
Janita Salomé - Vozes do Sul
(Portugal)
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Uma carreira construída em torno da
promoção do cantar alentejano. Esta frase dirá tudo e nada adiantará para explicar o
trabalho de Janita Salomé. Não se trata aqui da pura recriação da música popular do
Alentejo, é antes a procura dos laços que unem essa tradição com a música tradicional
árabe, projecto iniciado em 1983 com a edição do disco "A Cantar ao Sol" e
continuado ao longo do tempo por "Lavrar em Teu Peito" (1985), e "Olho de
Fogo" (1987).
Depois de uma incursão pelo Fado de
Coimbra - com "A Cantar à Lua" (1991) - Janita volta a cantar mais puramente
alentejano ao formar com os irmãos Carlos e Vitorino, e ainda Filipa Pais, os Lua
Extravagante que edita, em 1994, o disco "Raiano".
De alguma forma o projecto Lua Extravagante é agora continuado pelo mais recente
investimento artístico de Janita Salomé. Trata-se de "Vozes do Sul", um
agrupamento que já gravou um disco, com o mesmo nome, onde se ouvem as vozes do próprio
Janita e dos grupos corais "As Camponesas de Castro Verde" da Casa do Povo de
Serpa, "Os Camponeses de Pias", os Cantadores do Redondo (grupo fundado pelos
irmãos Salomé), Bárbara Lagido, Catarina Salomé, Filipa Pais, Marta Salomé, Patrícia
Salomé e Vitorino Salomé.
Nesse álbum fazem-se ainda algumas
experiências de arranjos "insólitos" para este tipo de música, assinados por
músicos de jazz como Tomás Pimentel, Mário Delgado e Carlos Bica.
Sábado, dia 8 de Setembro, às
20:00h, Auditório 1º de Maio
Ana Firmino (Cabo-Verde)
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Esta é uma voz apadrinhada por Tito
Paris. Isto já dirá muito sobre as qualidades de Ana Firmino, que editou o álbum de
música cabo verdeana "Amor é Tão Sabe" (traduzível por "Amor é Tão
Bom") com produção daquele músico e que conta com composições do próprio Tito
Paris, Manuel d'Novas, Daniel Spencer Filho, Paulino Vieira, Ildo de Jesus ou Amândio
Cabral, alguns dos nomes de referência da musica que se faz com origem em Cabo Verde.
Ana Firmirno tem uma voz já
temperada pelo tempo e pela experiência: em 1980 foi convidada pelo Secretário de
Turismo de Cabo Verde para inaugurar a Boite Pillon, no Hotel Praia-Mar na Ilha de
Santiago. Começava aí um percurso mais sério na música, das ilhas que 27 anos antes a
tinham visto nascer.
Meia dúzia de anos depois das
primeiras actuações na Noite Pillon, Ana Firmino empresta a voz a dois temas do LP
"Feiticeira di cor Morena" do grande e já falecido Travadinha. Em 1989 passa
pelos Encontros Acarte da Gulbenkian e edita "Carta de nha Cretcheu", o seu
álbum de estreia na Kolá Records.
Os anos seguintes são feitos de
espectáculos, presença na televisão de Cabo Verde e passagem pelo cinema (é actriz em
"O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo" de Francisco Manso e
"Fintar o Destino" de Fernando Vendrel).
Sábado, dia 8 de Setembro, às
21:00h, Auditório 1º de Maio
Pedro Jóia
(Portugal)
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"Variações Sobre Carlos
Paredes" é um espectáculo que, mais do que confirmar o virtuosismo do
instrumentista de viola clássica, é um momento comovente de homenagem ao maior músico
de guitarra portuguesa de todos os tempos. Se é impressionante ouvir as composições de
Paredes tocadas em guitarra clássica com agilidade mágica - por exemplo, Movimento
Perpétuo, tido como de execução quase impossível, tocado da maneira como o faz Pedro
Jóia, até parece coisa fácil - o que ressalta mais é o carinho que está por detrás
de tudo aquilo: expresso em, certamente, longas horas de estudo, de treino, de ensaio
aturado.
O próprio Pedro Jóia, numa
entrevista ao jornal "Publico" explicou que não foi fácil deslocar da guitarra
portuguesa para a guitarra clássica os temas compostos por Carlos Paredes: "São
transcrições para um instrumento tão diferente do meu que, como tal, não podiam ser
feitas muito à letra, nota a nota. Algumas revelaram-se mesmo impossíveis, como
"Mudar de Vida", pelo seu timbre e pela reverberação natural que a guitarra de
Paredes possuía. Partindo deste pressuposto, peguei nesta matéria-prima, procurando
ser-lhe o mais fiel possível em termos formais. Em termos de conteúdo, porém, era
impossível fazer como Paredes...."
O espectáculo foi apresentado pela
primeira vez no Centro Cultural de Belém, foi gravado e está editado em disco. No
entanto, a relação especial que a Festa do "Avante!" tem com Carlos Paredes
impunha que essa homenagem ao grande músico fosse aqui feita. E assim será, quanto mais
não seja porque o público da Festa não o deixaria de o pedir a Pedro Jóia.
Mas o prato forte espectáculo de
Pedro Jóia será outra coisa. Com ele estará a formação Ciganos de Ouro, um grupo de
espectaculares guitarrista que tocam um flamenco evoluído e entusiasmante, bom para os
ouvidos, espantoso - mais uma vez - no virtuosismo e, em certas alturas, a impelir,
determinante, para a dança.
Mas o prato forte espectáculo de
Pedro Jóia será outra coisa. Com ele estará a formação Ciganos de Ouro, um grupo de
espectaculares guitarrista que tocam um flamenco evoluído e entusiasmante, bom para os
ouvidos, espantoso - mais uma vez - no virtuosismo e, em certas alturas, a impelir,
determinante, para a dança.
6ª Feira, dia 7 de Setembro, às
18:30h, Palco 25 de Abril
Martinho da Vila (Brasil)
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Vai ser um momento único e que
simboliza na perfeição o espírito da Festa do "Avante!". O facto é este:
Martinho da Vila, um nome pouco menos que mítico da música popular brasileira, vai pela
primeira vez dar expressão em Portugal ao projecto que anima há já alguns anos e que
ele próprio designa por "Lusofonias". Trata-se do resultado prático de uma
relação íntima que Martinho da Vila estabeleceu com Angola, país onde se desloca
amiúdas vezes e de onde leva, para o Brasil, inúmeros músicos que promove e divulga na
sua terra.
Na Festa do "Avante!",
Martinho da Vila vai dar um espectáculo com o angolano Filipe Mukenga - homem com obra
significativa e habitual colaborador de músicos brasileiros como Djavan e Flora Purim - e
com os guineenses Tabanka Djaz - o primeiro grupo africano a ganhar em Portugal um disco
de Platina - fazendo, com música, a ponte cultural entre três continentes.
A carreira de Martinho da Vila não
se pode contar num artigo de poucas linhas de jornal. Começou em 1967 no 3.º Festival de
Música da TV Record em São Paulo - um cadinho de onde partiram para a popularidade
inúmeras estrelas da chamada MPB. De espírito militante, Martinho marcou o carácter da
sua música com o tema "O Pequeno Burguês" onde relatava uma história real: um
antigo colega de exército tinha-se formado advogado e foi duramente criticado pelos
amigos, que o passaram a chamar de "burguesinho" por não ter convidado os
colegas para a festa de formatura. Mas a verdade é que nem o próprio recém advogado foi
à festa de formatura por não ter dinheiro para os gastos. Na época a canção
impressionou e foi classificada como de contestação, embora não fosse essa a intenção
inicial de Martinho.
Dos álbuns entretanto saídos da
autoria deste músico destacava-se a sua particular habilidade em ludibriar a censura, que
tinha uma lista de palavras proibidas que Martinho substituía por sinónimos menos
comuns.
Passada essa época, Martinho da
Vila aumentou o ritmo de edições, e geralmente gravava um disco por ano. Pelo meio
colaborou praticamente com todos os nomes - letristas, poetas, compositores, músicos e
cantores - relevantes da Música Popular Brasileira, ganhou um incontável número de
prémios, vendeu milhões de discos. Agora vem a Portugal mostrar resultados da sua
colaboração regular com músicos africanos de países de língua oficial portuguesa.
Sábado, dia 8 de Setembro, às
18:00h, Auditório 1º de Maio
António Chainho com
Marta Dias (Portugal)
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António Chainho, um guitarrista de
fado que se tornou um nome de referência, convidou várias cantoras para participarem na
gravação de um CD chamado "A Guitarra e Outras Mulheres". Entre elas estavam
Ana Sofia Varela e Marta Dias. O guitarrista apadrinhou desta forma duas das mais
promissoras das novas vozes do Fado e, na "Festa do Avante!" dará um
espectáculo com esta última artista.
Antes de se dedicar a uma carreira
quase exclusivamente a solo (desde 1992), Chainho correu mundo a acompanhar os grandes
fadistas portugueses: de Amália a Marceneiro, de Carlos do Carmo a Hermínia Silva.
Nunca se esquivou a outras
experiências: gravou com Rão Kyao, Carlos Caño, José Luís Alto, Maria Dollores
Pradera, as brasileiras Gal Costa e Fafá de Belém e até com uma estrela da canção
japonesa: Saky Kubota.
Depois de em 1996 ter editado com a
Orquestra Filarmónica de Londres, sob a direcção de José Calvário, acaba por ver
internacionalizado o seu trabalho a solo e é convidado a ter uma participação
determinante no disco Red Hot+Lisbon, após o que garante a colaboração de produtores
norte-americanos de renome para a gravação, em 1999, de "A Guitarra e Outras
Mulheres".
Sábado, dia 8 de Setembro, às
17:00h, Auditório 1º de Maio
Marisa Santos
(Argentina)
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A Festa do "Avante!", ao
longo dos seus 25 anos de história, deu sempre a conhecer músicas populares a que
habitualmente o público português não tem acesso fácil ou cuja divulgação é mais
restrita. Este ano vem até nós, da Argentina a cantora Marisa Santos, nascida em Buenos
Aires no ano de 1970.
Filha de pai espanhol e mãe
argentina, Marisa Santos cresceu num ambiente musical no qual pontificavam o flamenco, o
tango e o folclore argentino. Desde muito nova Marisa mostrou uma clara vocação musical:
aos doze anos começa a estudar guitarra e aos quinze já compõe as suas primeiras
canções. Amplia a sua formação musical frequentando aulas particulares na Casa de
Cultura Vicente Lopez, onde realiza as suas primeiras apresentações públicas. Aos 17
anos estuda com a professora de canto Isabel Blanco e, mais tarde, com outros professores.
Em 1993 e 1995 Marisa participa no
Festival OTI da canção. Nesse período grava dois discos com temas do prestigiado
cantautor argentino Fernando Porta. Em 1996 representa o seu país no Festival de Viña
del Mar, no Chile.
Entretanto realizou digressões em
Espanha em 1996 e 1997 e actualmente tem em preparação a gravação de mais um disco, de
corte mais melódico, com cores latino-americanas. Marisa Santos tem um original registo
em contralto, de profunda expressividade.
6ª Feira, dia 7 de Setembro, às
23:00h, Auditório 1º de Maio
Ana Sofia Varela
(Portugal)
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Ana Sofia Varela lançou há pouco
tempo um primeiro CD, editado pela Valentim de Carvalho. A jovem, de 27 anos, nasceu em
Lisboa mas cresceu no Alentejo, em Serpa, onde viveu até há quatro anos atrás. Foi com
Amália que se verificou o seu primeiro contacto com o fado, primeiro como ouvinte,
depois, aos 14 anos, a cantar temas da fadista em noites de fado em Serpa, realizadas na
Casa do Povo local, ou em espectáculos em escolas e colectividades.
Com o tempo, o entusiasmo pela
música foi-se sedimentando e Ana Sofia Varela começou a dar os passos em direcção à
profissionalização: os espectáculos foram-se repetindo e aumentando de frequência e
começaram as actuações em diversos bares da zona sul. As canções que Ana incluiu no
seu repertório tinham por base fados de Amália Rodrigues e Nuno da Câmara Pereira, mas
também "hits" de Rui Veloso, Vitorino e Resistência.
A participação num programa
televisivo de descoberta de novos talentos - a "Selecção Nacional" da RTP -
(onde foi cantora finalista) foi o passo decisivo para Ana Sofia Varela conseguir uma
maior divulgação pública da sua voz. Seguiu-se uma Festival da Canção em 1995 e um
apadrinhamento decisivo: Carlos Zel apresentou Ana Sofia ao conceituado guitarrista Mário
Pacheco com quem a cantora passou a realizar espectáculos que passaram por digressões em
Macau, Japão e Itália. Sofia Varela acabou mesmo por integrar o elenco fixo do Clube do
Fado, gerido pelo guitarrista.
Outro apadrinhamento decisivo foi o
de outro guitarrista de referência no mundo do Fado: António Chainho, que a convidou a
participar no CD "A Guitarra e Outras Mulheres" a par de Marta Dias, Teresa
Salgueiro, Filipa Pais. O disco motivou uma digressão europeia. A afirmação pública de
Ana Sofia Varela foi aumentando com a multiplicação de espectáculos, ao lado de grandes
fadistas como Argentina Santos, Maria da Nazaré, Alcindo de Carvalho e Camané.
Em 1999, depois de um participação
num espectáculo em Nova Iorque organizado por João Braga, grava dois temas para o CD
"Cem Anos de Fado" e integra-se no elenco do espectáculo "De Sol a Lua -
Flamenco e Fado" que pisou palcos de Espanha, Alemanha, Suíça e Holanda. E já este
ano a cantora participou em Lisboa no Festival das Músicas e dos Portos num espectáculo
de homenagem a Linhares Barbosa.
6ª Feira, dia 7 de Setembro, às
22:00h, Auditório 1º de Maio
Katia Guerreiro
(Portugal)
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"Uma Vela por Amália" foi
um espectáculo que a 8 de Outubro de 2000 assinalou o primeiro ano da morte da fadista.
Dezoito cantores interpretaram uma longa e emocionante sequência de fados celebrizados
por Amália Rodrigues. A certa altura João Braga, no papel de fadista-apresentador,
anunciou Katia Guerreiro e avisou que qualquer elogio feito aquela voz ficaria além da
realidade. Ela entrou, enfrentou a plateia e as câmaras da TVI e cantou: "Barco
Negro" e "Amor de mel, amor de fel". Dois dias depois, o jornalista do
"Público", Fernando Magalhães, na reportagem que escreveu para este jornal
sobre essa noite, sintetizaria o que passou pela cabeça de muita gente: "um fantasma
pairou no Coliseu".
Katia Guerreiro, uma médica-cantora que começou nos Açores, onde viveu grande parte da
juventude, por cantar num rancho folclórico, é, assim, uma das melhores representantes
de uma nova geração de cantores de fado que, talvez um pouco surpreendentemente,
surgiram nos últimos anos. O musicólogo Rui Vieira Nery escreveria acerca disso, numa
introdução ao primeiro disco desta cantora, intitulado Fado Maior e editado pela
Ocarina, e que resume a modificação que se verificou a este nível dos anos 70/80 para
agora: "O sinal evidente de que o fado atravessa hoje um momento de extrema
vitalidade está no facto de a última década ter visto aparecer uma nova geração de
intérpretes de surpreendente qualidade, num espectro muito amplo de estilos e tendências
estéticas.
Alguns optam pela procura da
linguagem de fusão que parte do Fado, propriamente dito, para estabelecer um diálogo
activo com outros géneros poético-musicais, acabando por conduzir a um produto híbrido
que, independentemente dos seus méritos próprios, se pode já considerar ele mesmo um
género autónomo, desligado do seu ponto de partida. Outros preferem assumir uma
relação de continuidade com a tradição fadista de todo o século XX, marcando-a depois
"por dentro", por assim dizer, através de um estilo interpretativo pessoal que
acaba por ser, também ele, um factor de mudança.
Domingo, dia 9 de Setembro, às
20:00h, Palco 25 de Abril
Ciganos de Ouro
(Portugal)
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Os Ciganos de Ouro surgiram em 1994
por iniciativa dos irmãos José Pato e Sérgio Silva. Inicialmente este grupo actuava
exclusivamente em eventos Culturais no seio da Comunidade Cigana portuguesa.
A partir de 1995 a formação
alargou-se em consequência da colaboração iniciada com o guitarrista Pedro Jóia que
assumiu a direcção musical do grupo. O passo seguinte foi a gravação do seu primeiro
disco LA CASA editado em 1996 pela Movieplay.
Os Ciganos de Ouro passaram então a
divulgar o seu trabalho em Portugal, Espanha, França, Bélgica e Holanda, participando em
Festivais internacionais de música cigana Festivais de Música Cigana de Tilburg,
de Ostende, Virgen de Los Remédios, de Ste Marie de La Mer, entre outros - ao mesmo tempo
que conquistavam novas plateias fora desta comunidade, tendo realizado centenas de
espectáculos desde então.
Os êxitos assim alcançados
levaram-nos a uma evolução notória do seu trabalho e à gravação do seu actual CD
MAKTOUB que revela novas linguagens, entre as quais a música do Magrebe.
Neste trabalho aliam as suas origens iniciais o Flamenco como matriz da música dos
ciganos ibéricos com melodias, harmonizações e instrumentos próprios da música
árabe o Alaúde, a Darbouka e Flauta.
Sábado, dia 8 de Setembro, às
24:00h, Palco 25 de Abril
Tocá Rufar
(Portugal)
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Já há muitos anos o percussionista
Rui Júnior gravou o álbum "o Ó que som tem?" com base em instrumentos de
percussão tradicionais portugueses. Ficou um documento para a história da música
tradicional portuguesa e um disco impressionante, cheio de energia e vitalidade.
Ao longo dos anos subsequentes o
músico tem-se empenhado, de várias formas, em valorizar esse tipo de instrumentos e uma
delas é feita através deste projecto Tocá Rufar, uma formação que pode ir das dezenas
aos milhares de músicos, pois é feita com base nos músicos (a maioria crianças
provenientes de escolas do Seixal) que frequentam cursos organizados pelo Centro de Artes
e Ideias Sonoras criado por Rui Júnior.
O Projecto Tocá Rufar celebra este
ano o 5.º aniversário e para os 25 anos da Festa do "Avante!" vai trazer o
espectáculo WOK onde a percussão e a melodia são exploradas por cerca de 100 músicos,
num momento certamente entusiasmante.
Sábado, dia 8 de Setembro, às
15:30h, Auditório 1º de Maio
Djamboonda (Portugal)
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Mas os momentos de grande animação
e festa não se ficarão pelos instrumentos de percussão portuguesa. Rotinado em fazer
dos seus espectáculos um grande evento está a formação Djamboonda, um grupo onde
pontifica a percussão africana iniciado em 1992 e cujos espectáculos de maior impacto
começaram em 1994. Daí para cá o Djamboonda não tem parado.
Em 1994 tocou nos seguintes locais:
Festa da Liberdade; Agrobio; Lisboa, Capital Europeia da Cultura, Festival Internacional
de Teatro de Almada; 1.º Encontro de Artistas de Rua de Coimbra; Carnaval de Almada.
No ano seguinte estiveram na Semana
da Juventude do Barreiro, Semana da Juventude de Almada, Ritz Club, Queima das Fitas em
Évora, Festa da Terra, encontro da Associação "Olho Vivo" e Festival de
Teatro da Guarda.
Em 96 foram ao Carnaval de Ovar,
Feira Alternativa de Évora, Festa da Terra, ARCIL, Encontro de Malabarismo de Madrid,
Festas de Coimbra, Festas de Loures, e Festival Expressões de Rua em Évora.
E por aí fora, sendo que em 1998
passaram pela Expo, pelo Festival Mundial de Juventude, pelo Etnosur de Espanha, em 1999
estiveram com o Tocá Rufar nas Festas de Freamunde e o ano passado foram à Festa da
Primavera do Centro Cultural de Belém, entre muitos outros espectáculos. |