Lançamento
Ana Maria
A fadista Negra
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. . . . . . . ."Trago
fado nos sentidos" é o CD de estreia de Ana Maria, uma fadista nascida em Luanda que
canta desde os 10 anos e que agora fecha um elo entre o fado e os sabores africanos. Um
disco para conhecer a partir do início de Dezembro.
A "fadista negra" - como a própria cantora se apresenta
- já canta profissionalmente há 28 anos, desde o tempo em que veio para Portugal com
"um casal amigo", disse à Lusa.
Ainda em Luanda, com 10 anos, venceu o concurso do programa
radiofónico "Chá das seis", apresentado por Alice Cruz. Recebeu autorização
especial para cantar, pois era menor, e "lições de canto, especialmente de
colocação da voz, pelo maestro Casal Ribeiro", que muito a ajudaram para
"ainda hoje manter a voz".
Neste CD, Ana Maria canta fados e mornas e recupera ainda o tema de
Vitorino "Queda do Império". "Há uma nostalgia que me atrai no fado e que
perpassa também na morna, daí ter juntado duas canções que falam de saudade, de mar e
de amor", disse à Lusa a fadista.
Os fados, por escolha sua, são todos do repertório de Amália
Rodrigues, com a excepção do inédito "Saudade me engana", de Fernando
Araújo. "Amália inspira-me, é para mim a maior e comecei logo a cantar os seus
fados, também por influência da minha mãe, que cantava muito bem", disse.
Os fados "Fria claridade" (Pedro Homem de Mello/José
Marques do Amaral), "Trago fado nos sentidos" (Amália Rodrigues/José Fontes
Rocha), "Alfama" (José Carlos Ary dos Santos) e "Estranha forma de vida
(A.Rodrigues/Alfredo Marceneiro) surgem ao lado das composições de B.Leza
"Sôdade" e "Beijo da saudade" e da nova versão de "Queda do
Império".
"Emoção, saudade e mar são os grandes elos de ligação
entre todas as composições escolhidas", disse a fadista. De uma carreira de 28
anos, Ana Maria conta "mil peripécias" na maioria ligadas à sua origem negra.
"Alguns não acreditam e brincam e já houve quem saísse dizendo que vinha para
ouvir fado e não mornas, mas começando a cantar voltam, ficam e aplaudem", contou.
Para a fadista, "há traços comuns entre algumas
musicalidades tradicionais africanas e o fado: um certo compasso, a importância da voz e
também a temática - ausência, solidão, amor". Ana Maria é acompanhada por Manuel
Mendes (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Fernando Araújo (viola-
baixo) e conta ainda com a participação especial de Fernando Araújo (vozes, percussão
e orgânica) em "Queda do Império". Fonte: Nuno
Lopes/Lusa