Musical "Amália"
chega em Abril de 2000 ao Politeama
ANA VITÓRIA - Jornal de NotíciasLa Feria baseou-se na biografia escrita por Vítor Pavão dos Santos, para
fazer "uma peça que toca o coração das pessoas"
"Amália" é o novo musical que Filipe La Feria vai estrear em meados de Abril
no Teatro Politeama, em Lisboa. A peça, inicialmente apresentada no Funchal, sofreu
algumas alterações para se adaptar ao novo espaço. O elenco, esse, é o mesmo , com
Anabela a interpretar uma Amália mais jovem e Alexandra a assumir o papel da fadista mais
madura.
"Este é um espectáculo que considero bastante forte. A Amália somos todos nós.
Tem muito desse lado atávico e sentimental deste fado de se ser português», diz Lá
Feria desta sua mais recente produção.
Para quem pensa que vai assistir em palco ao desenrolar da crónica amorosa da
fadista o autor/encenador vai avisando isso só muito levemente é aflorado. "Acho
que os grandes homens de Amália foram os grandes compositores, sobretudo Frederico
Valério e Alain Oulman. O primeiro é interpretado por Carlos Quintas e o segundo por
Henrique Feist".
Este musical partiu de uma proposta feita pela própria fadista, pouco antes de falecer.
Numa entrevista a um jornal diário, Amália terá manifestado o desejo de se ver como
tema de uma peça feita por Lá Féria. "Tive muita pena que ela já não pudesse
assistir à estreia. Tenho a certeza de que iria gostar, até porque este é um dos
melhores espectáculos que já fiz".
Descobrir outra Amália
Nesta narrativa teatralizada da vida do ícone do fado, Filipe La Feria diz que mais do
que a vedeta foi o ser humano que mais lhe interessou. "Acho que foi um ser humano de
excepção e uma das muitas curiosidades desta peça está precisamente em descobrir essa
outra Amália que se sentiu sempre bastarda. É uma personagem riquíssima e creio que o
texto dá a entender isso. Até porque Amália teve a inteligência de cantar os maiores
poetas portugueses, desde Luís de Camões a Alexandre O'Neill, passando por José Régio
ou Manuel Alegre. E isso dá uma grande riqueza literária ao espectáculo".
Este musical reúne em palco uma orquestra ao vivo e um leque variado de conhecidos
actores que contracenam com duas crianças estreantes que irão interpretar a fadista
quando criança. Ao todo, o espectáculo mobiliza mais de meia centena de pessoas.
"Acho que consegui uma peça muito humana e que chega ao coração das pessoas sem
fazer concessões. Se alguma coisa vejo de positivo na minha carreira é exactamente isso,
a capacidade de emocionar o público".