Artigo escrito com base em
informação prestada pelo Compositor Brasileiro Marcos Souza e um artigo de Nuno Pacheco
do Jornal Público
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Grupo Instrumental Orquídea
Maxixes, Choros e Sambas
Dia 17/02/2000 - Guimarães
Dia 17/02/2000 - Póvoa do varzimDurante o mês de Fevereiro, o
Orquídea - um grupo instrumental de Choro brasileiro-, composto por alguns
dos melhores músicos do Choro, actuou em diversos municipios portugueses,
resultando de um protocolo entre a prefeitura de Niterói e algumas Câmaras Municipais.
Oportunidades de ver e ouvir ainda a 18 de fevereiro em Guimarães e dia 19 na Póvoa do
varzim, integrado no encontro de escritores de expressão portuguesa.
O Choro é um género musical com raizes na Música Europeia de salão dos Séculos XVIII
e XIX, tendo actualmente nestes seis músicos os seus maiores embaixadores. Zé da Velha
(trombone de varas), Silvério Pontes (trompete), Rogério Souza (violão de 6 cordas),
Márcio Almeida (cavaquinho), Agenor (pandeiro) e Ronaldo (bandolim) adoptaram o nome
"Orquídea" - o nome do bar de Niterói onde acontecem as rodas de chorões, que
ali acorrem para tocar, à semelhança de Lisboa nalgumas casas de fado ou em Cabo Verde
nas rodas da morna.
Zé da Velha, é considerado o melhor trombonista brasileiro da actualidade. Desde muito
cedo começou a com o grupo "Velha Guarda", ficando José Alberto Rodrigues
Matos (o seu verdadeiro nome) conhecido como o Zé da Velha. "E com Pixinguinha,
João da Bahiana, Donga. Estava eu com 17, 18 anos e o mais novo deles tinha 62, 63
anos".
Quando este grupo acabou, por volta de 1958, Zé da Velha actuou como solista noutros
grupos, o Sambolândia ou a Orquestra Gentil Guedes - o que lhe valeu várias viagens pelo
mundo fora. "Daí pra cá toquei com muitos artistas: Paulo Moura, Abel Ferreira,
Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Altamiro Carrilho". Já nos anos 70, retomou os
estudos musicais que iniciara na Juventude, por forma a aperfeiçoar a sua técnica.
"Tudo Dança", um disco gravado com o trompetista Silvério Pontes, foi
distinguido em 1999 pelo Jornal "O Globo" como o melhor disco instrumental
brasileiro do ano passado - disco esse apresentado (e vendido directamente) nesta algo
discreta digressão por Portugal.
O espectáculo é, como seria de esperar, vivido num ambiente de enorme cumplicidade entre
músicos, que para além de dominarem os instrumentos, imprimem uma certa ambiência de
improvisação, tal como acontece no Jazz.
Desde Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Ary Barroso a Paulinho da Viola e Chico Buarque,
passando por Waldir Azevedo, Baden Powell ou Ernesto Nazareth, o grupo procura reinventar
os sons deixados por esses grandes compositores de Choros, maxixes e sambas...
"O choro é uma música alegre e existe público para ele não só no Brasil como em
todo o mundo. Qualquer criança gosta de choro. A minha filha, que tem sete anos, ouve o
Orquídea tocar e adora. O que falta é divulgar na televisão e na rádio." diz
Silvério Pontes.
O que não é fácil, porque as editoras estão habituadas a "reservar" espaço
para outras músicas. Com voz sobretudo. "Infelizmente, o músico instrumentista
precisa de tocar com cantores para sobreviver", queixa-se Silvério. Por isso, eles
recorrem sobretudo a editoras independentes.
Com o grupo Orquídea vêm também o percussionista Carlos Agenor (que toca no Conjunto
Sarau e dele traz o CD "Cordas Novas") e Ronaldo do Bandolim, que faz parte de
um outro grupo, o Trio Madeira Brasil (com um CD do mesmo nome), cuja actuação no Free
Jazz Festival-99, no Rio em São Paulo, foi distinguida pelos críticos do jornal
"Globo" como o melhor show instrumental do
ano.
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