Duas Gerações, Dois guitarristas
juntos ao Vivo
António Chaínho e Manuel d'Oliveira
28 de Julho de 2000, no Café Jazz Ultimatum
Um concerto de Culto
O Ultimatum - Café Jazz Café recebeu, na noite de 28 de
Julho de 2000, um verdadeiro concerto de culto. Os guitarristas António Chaínho e Manuel
d'Oliveira actuaram em conjunto, numa simbiose e complementaridade perfeitas. Um
espectáculo que foi o encontro experimental entre duas gerações de guitarristas com um
enorme talento.António Chaínho exibiu-se no palco do Ultimatum ao seu
melhor nível, recortando algumas das suas mais valiosas composições com a mestria que
lhe é característica.
Dono de uma musicalidade extraordinária, o seu virtuosismo levou a plateia a
momentos de perfeito deslumbramento. Momentos de êxtase para os quais foi imprescindível
o sóbrio acompanhamento de Manuel d'Oliveira. Evidenciando um domínio contido da
guitarra clássica, o jovem e promissor músico vimaranense seguiu sempre a
guitarra de Chaínho com precisão, envolvendo e enchendo cada uma das notas dedilhadas.
António Chaínho mostrou toda a capacidade de retirar da guitarra portuguesa os seus sons
mais belos e, simultaneamente, melancólicos, num apelo constante ao sentimento e mesmo
às viagens. Evidenciando uma segurança invulgar, tendo em
conta o encontro experimental e pouco preparado, Manuel d'Oliveira levou sempre a bom
porto o objectivo principal do encontro, nunca perdendo de vista e de ouvido nenhuma das
solicitações.
Refira-se que o espectáculo daquela noite surgiu na sequência de contactos anteriores
entre Nuno Sampaio e Torcato Faria, respectivamente, representantes de António Chaínho e
Manuel d'Oliveira. No final, todos foram unânimes na apreciação do
concerto: "único". Um verdadeiro concerto de culto que, dado o entendimento e
gosto mútuo partilhado pelos guitarristas, vai continuar. "Chegamos já a acordo
para novos encontros, incluindo ainda um baixo ou contra-baixo às guitarras, para que os
virtuosismo dos dois músicos possa sobressair ainda mais", informou Torcato Faria,
acrescentando que tanto António Chaínho como Manuel d'Oliveira entendem como "muito
enriquecedores" este tipo de encontros e partilha de experiências.
Salientando que ambos os guitarristas "são dois grandes músicos que conseguiram
estabelecer empatia", Júlio Torcato Faria não duvida que estão abertas as portas
de descoberta de novas sonoridades e propostas musicais conjuntas. Um desafio motivador e
que, garantidamente, vai ter continuidade a curto prazo, mesmo sabendo-se dos afazeres
profissionais de ambos os guitarristas, que se encontram a gravar os seus novos trabalhos
discográficos.
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Sobre António Chaínho e Manuel d'Oliveira
Manuel d'Oliveira, natural de Guimarães, é um jovem e promissor músico que explora a
guitarra clássica e investe na fusão de sons latinos, tendo já actuado com sucesso em
importantes festivais realizados em Portugal, no Brasil, em França e em Itália onde,
aliás, gravou o seu primeiro CD, intitulado "Praça de Santiago".
O espectáculo do próximo dia 28 de Julho surge na sequência de contactos
anteriores entre Nuno Sampaio e Torcato Faria, respectivamente, representantes de António
Chaínho e Manuel d'Oliveira. "Gostei bastante de ouvir o Manuel d'Oliveira e veremos
agora qual a possibilidade de colaborar com ele", esclarece Nuno Sampaio, salientando
que ambos os guitarristas "são dois grandes músicos que se encontrarão na
perspectiva da partilha de experiências. Havendo empatia podem ser abertas portas".
Torcato Faria considera que para o Manuel d'Oliveira "é um desafio motivador tocar
ao lado de um guitarrista conceituado como António Chaínho".
António Chaínho é um talento há muito reconhecido e apreciado pelos conhecedores de
música portuguesa. Acompanhou todos os grandes fadistas portugueses, de Amália a
Marceneiro, de Carlos do Carmo a Hermínia Silva e gravou com uma das maiores artistas da
música espanhola, Maria Dollores Pradera, com José Luís Alto e Carlos Cano. Este tipo
de participações experimentalistas confere a António Chainho uma característica que o
distingue dos seus colegas mais dotados e ortodoxos.
O guitarrista Manuel d'Oliveira tem-se salientado pelo à vontade e virtuosismo com que
explora cruzamentos musicais entre a tradição portuguesa, o jazz e o flamenco,
arrecadando elogios vários, como o proveniente da Prefeitura de Niterói (Brasil) onde
actuou há dois anos: "Ainda sob o forte impacto causado pela excelente
participação (..) O que calou fundo em nossos corações e mentes foi a sua actuação
belíssima, arrancando sucessivos aplausos da plateia que, exigindo bis, foi brindada
prazerosamente inúmeras vezes." Após a gravação do CD "Praça de
Santiago" (1997), álbum que não está à venda, Manuel d'Oliveira prepara a
edição de novo trabalho.
António Chaínho, além de grande proeminência a nível nacional, tem tido um importante
papel de divulgador do som da guitarra portuguesa ao público mundial, nomeadamente
através de espectáculos em países como o Japão, a Dinamarca, a Inglaterra e os Estados
Unidos. De entre os trabalhos gravados conta-se o recente "A Guitarra e Outras
Mulheres", com participações de Teresa Salgueiro, Filipa Pais, Marta Dias, Sofia
Varela e das brasileiras Elba Ramalho e Nina Miranda. 
