Gaita de Foles Transmontana (Imagem do Espólio e Antologia de Michel Giacometti - Fonte:
Gaitadefoles.net)
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Lançamento
an Freixenosa
As tradições das Terras de Miranda
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. . . . . Este disco
é uma celebração da cultura mirandesa, através da sua música e da sua língua. É
também o resultado de uma pesquisa com um percurso algo "aleatório" mas que se
ganhando consistência. Foi gravado em Freixenosa, Miranda do Douro, no dia 6 de Novembro
de 2004.
Tem 16 faixas instrumentais, mais uma canção cantada por
Clementina Rosa Afonso, um conto em mirandês contado por Miguel Arribas e uma moda
entoada por Benjamim Monteiro. Os músicos são: na gaita de foles Abílio Topa (40 anos,
professor de Educação Musical), na caixa Benjamim Monteiro (82 anos, reformado da
agricultura), no bombo Henrique Fidalgo (76 anos, ex-emigrante em França), constituindo
assim a formação típica do conjunto instrumental mirandês - gaita, caixa e bombo.
Para este trio instrumental existe um extenso repertório que
abrange todos os momentos das festas tradicionais e que, em grande parte, já não se
toca, por esquecimento e desconhecimento. O que é tocado nem sempre respeita o ritmo e
melodia originais da moda. Por isso, surgiu a ideia de fazer um trabalho baseado em
gravações, que foram transcritas para notação musical, depois ensaiadas e tocadas ao
vivo por este trio em festas e em programas televisivos.
Neste processo, a memória, talento e experiência musical de
Benjamim Monteiro foram cruciais, o que permitiu a recuperação de algumas modas que já
não se tocavam e a correcção de melodias que eram interpretadas de forma errónea.
Em prol da sua preservação e continuidade, a música tradicional mirandesa, necessita de
ser encarada essencialmente com rigor musical e no seu contexto histórico. A variedade e
a complexidade em termos de ritmo e melodia, particularmente de algumas modas, revelam um
estilo musical já bastante elaborado. Os requisitos técnicos, em termos de execução,
requerem um conhecimento aprofundado de como usar convenientemente os instrumentos que
deve ser complementado com uma intensa prática, pois o nível é bastante exigente e o
estilo muito peculiar.
Por outro lado, as referências são escassas devido à falta de
registos desde o início do uso dos equipamentos de gravação, ainda no século XIX. Os
registos que se podem considerar como genuínos são feitos a partir da década de 20/30
até à de 70/80 do século XX. Desde então a música tradicional mirandesa tem sofrido
uma contrafacção galopante, devido a vários factores, tais como o aparecimento da
rádio e televisão, a desertificação rural, o falecimento das pessoas ditas antigas -
depositárias do património cultural - e, claro, a globalização.
Tudo isto levou ao desaparecimento total e parcial de muitas modas,
assim como a uma prática incorrecta da música, ao contrario do que é exigido pela
tradição e pela própria estética musical mirandesa. Acreditamos que este trabalho pode
dar um pequeno contributo para um melhor conhecimento da música tradicional da Terra de
Miranda.
Abílio Topa gaita
de foles | Benjamim Monteiro caixa | Henrique Fidalgo bombo | Clementina Rosa Afonso cantadeira | Miguel Arribas contador
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