Lançamento
Ricardo Parreira
Tributo a Fernando Alvim
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ricardo Parreira propõe-se fazer um tributo a Fernando Alvim o
guitarrista que acompanhou Carlos paredes ao longo da sua carreira nacional e
Internacional. Agora o mestre veste novamente a pele para acompanhar um jovem solista, num
plano de admiração mutua.
Fernando Alvim (72 anos de idade/Guitarrista Clássico) foi durante a maior parte do tempo
o músico que acompanhou Carlos Paredes por toda a sua carreira nacional e internacional.
Viajou com ele por todo o mundo e participou em todos os seus trabalhos discográficos.
Tocou ao lado do seu pai (Artur Paredes), assim como ao lado de alguns dos mais
importantes instrumentistas e compositores de guitarra portuguesa (Lisboa e Coimbra), como
também foram os casos de Francisco Carvalhinho, José Nunes e mais recentemente com Pedro
Caldeira Cabral e António Chaínho.
Ricardo Parreira (20 anos de idade/Guitarra Portuguesa) iniciou os estudos de Guitarra
Portuguesa aos 7 anos de idade pela mão de seu pai, um dos guitarristas mais conceituados
no panorama musical do Fado, António Parreira.
Aos 13 anos acompanhou pela primeira vez a fadista Argentina Santos
e logo de seguida foi convidado a participar no Festival Um Porto de Fado,
realizado no âmbito do evento Porto 2001, Capital da Cultura. Durante todos
estes anos a sua formação musical, desde muito novo até passar pelo Conservatório
Nacional, foi em redor dos grandes compositores de guitarra portuguesa, desde Carlos e
Artur Paredes num conceito mais virado para a guitarra de Coimbra, até aos lisboetas:
Armandinho, José Nunes, Francisco Carvalhinho e Jaime Santos. Isto para além de tocar
com alguns dos Fadistas mais importantes do panorama actual: Camané, Mísia, Mafalda
Arnauth, Argentina Santos, entre outros.
O repertório do disco é uma escolha dos temas mais conhecidos dos compositores com quem
Alvim tocou e que por sua vez coincide com aquilo que Ricardo Parreira tem vindo a fazer
desde o início dos seus estudos e da sua curta carreira.
O Álbum
Foi em 2005 que a história a dois se iniciou. Para dia 12 de
Agosto estava marcado para a Casa da Música, no Porto, um espectáculo de fado de
Camané. Para a primeira parte, surgiu a ideia de se organizar uma sessão de guitarradas.
Com 18 anos, Ricardo Parreira subiu ao palco de guitarra na mão para tocar ao lado do
viola dos violas portugueses, o mestre Fernando Alvim, o único a conseguir, durante uma
vida, acompanhar valorizando o génio de Carlos Paredes. A noite foi memorável. Depois da
prova de fogo com Alvim, Ricardo ainda acabou por tocar para Camané. Mas foi o começo de
uma relação sólida que neste disco se revela plena, que marcou o jovem guitarrista.
Fernando Alvim não demorou a convidá-lo para ensaiar em sua casa. A admiração entre os
dois foi crescendo ao ponto do guitarrista sentir necessidade de homenagear o mestre com
um tributo. O desafio era que o seu primeiro disco surgisse como um tributo a Fernando
Alvim e que neste caso o repertório escolhido seria uma série de temas dos compositores
com quem o violista tinha tocado para alem de outros da sua eleição. Desafio aceite, o
reportório escolheu-o Ricardo: José Nunes, Francisco Carvalhinho (Guitarra de Lisboa),
Artur Paredes e, claro, Carlos Paredes (Guitarra de Coimbra), o compositor de guitarra
portuguesa preferido de Ricardo e o senhor que Fernando Alvim ajudou a brilhar durante 25
anos. A estes temas incontornáveis da história da guitarra portuguesa foram
acrescentadas, uma composição de Armandinho, guitarrista compositor com quem Alvim nunca
tinha tocado, embora tenha por ele uma grande admiração, e um tema da sua autoria
Encantamento, o ultimo da lista. Nascia um desafio completamente original no
mundo do fado, só concretizado porque o mestre de 72 anos reconhecia qualidade suficiente
no miúdo de 20.
Sujeitei-me a ir estudar as coisas de que já não me lembrava,
conta Fernando Alvim com a humildade que caracteriza a sua sabedoria. Os ensaios para este
tributo duraram dois meses. Entre Setembro e Outubro de 2006, todas as quartas-feiras,
Ricardo saia de Carnaxide para se sentar calmamente no quarto de Fernando Alvim, na velha
casa de família às portas da Rua do Século. Tardes longas, onde cada erro que Ricardo
cometia era gentilmente corrigido por Alvim, num encontro de gerações que foi
enriquecendo os dois músicos, entre discussões sobre ritmos e interpretações.
Este é um disco nitidamente ricardiano, diz Fernando Alvim. Eu como
acompanhador fui atrás do solista, sempre foi essa a minha missão, continua, os
olhos a brilhar pela surpresa agradável que Ricardo lhe proporcionou: Nunca pensei
voltar a tocar Carlos Paredes nem estes outros compositores sem ser com ele. Nesses
olhos que continuam a brilhar, Fernando parece regressar aos seus 26 anos e reviver os
seus primeiros encontros com Paredes. Nunca me hei-de esquecer do choque inicial que
foi ouvi-lo tocar guitarra e ter de o acompanhar. Parecia que não ia conseguir fazer
nada. Ele tocava com uma pujança muito grande e eu tinha que ir atrás. Mas quando
compreendi a sua maneira de tocar e interiorizei o seu estilo, a dupla seguiu em frente
por esse mundo fora.
Ricardo tem consciência da grandiosidade dessa dupla que fez história. Sabe de cor que
é impossível tocar da mesma forma que Paredes. Não há força que lá chegue, nem
vigor capaz de o imitar. É a composição e a construção das peças de Carlos
Paredes que respeita na íntegra, mas às quais dá uma interpretação só sua. E não
tem dúvidas que o pode fazer. Se o Fernando Alvim diz que posso tocar Paredes, é
porque posso mesmo. E quem diz Paredes diz o mítico Armandinho, o carismático
José Nunes, ou o saudoso Francisco Carvalhinho