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Hedningarna

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Programa
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5ª feira, 25 Julho
Portugal
Cristina Branco Mais...
Suécia Hedningarna Mais...

6ª feira, 26 Julho
EUA e Cuba
David Murray Big Band Mais...
México Los de Abajo Mais...

Sábado, 27 Julho
EUA
Popa Chubby Mais...
Tuva (Fed. Russa) Yat Kha Mais...
Moçambique Mabulu Mais...
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Site oficial
www.fmm.com.pt

 

Sines
Festival Músicas do Mundo de Sines
Biografias dos Grupos Participantes

Sines, Castelo, de 25 a 27 de Julho de 2002, 21:00h

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Apresentamos aqui as biografias dos grupos participantes na terceira edição do Festival de Músicas do Mundo de Sines. Esta informação, aqui publicada, consta no excelente site que serve de promoção deste festival e, seguramente, não dispensa uma consulta ao sítio oficial do festival, em www.fmm.com.pt.

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Cristina Branco Portugal
A fadista que a Holanda amou primeiro

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Uma voz excepcionalmente transparente, um repertório que junta os clássicos a experiências audaciosas (como fazer um disco inteiro com poemas holandeses), uma figura elegante como o fado não tem mais nenhuma. Cristina Branco é uma das mais interessantes fadistas da nova geração. A universalidade do fado já não se manifesta apenas pelo efeito de sensibilizar gente de todo o mundo. Manifesta-se também pela possibilidade de, não se sendo emigrante, iniciar uma carreira de fadista fora de Portugal.

Apesar de sempre ter residido em Almeirim, no Ribatejo, Cristina Branco, 29 anos, começou a cantar profissionalmente na Holanda. Em 1997, uma breve passagem por um programa televisivo em Portugal conduziu a um convite para actuar naquele país. Desse primeiro espectáculo haveria de resultar Cristina Branco in Holland, disco de estreia e sucesso imediato.

Hoje, cinco discos, centenas de concertos e vários prémios depois, Cristina Branco é reconhecida no mundo e em Portugal como uma das mais estimulantes fadistas da nova geração.

"A mais pura herdeira de Amália Rodrigues", escreve o LE MONDE DE LA MUSIQUE, publicação referência na área das músicas do mundo, que atribuiu o prestigiado prémio "Choc de l’Année" aos seus discos Murmúrios (1997) e Post Scriptum (1998).

Transparência
Aos 18 anos, o fado ainda era um mundo estranho para Cristina Branco. Pensava seguir a carreira de jornalista e os seus gostos musicais situavam-se no jazz, no blues, na bossa nova. Até que o seu avô lhe ofereceu um disco de Amália.

"Antes de ouvir esse disco (Rara e Inédita), tinha uma visão muito conformista do fado e não apreciava particularmente o seu aspecto arcaico. Amália fez-me descobrir a beleza e o poder deste canto."

O fado de Cristina Branco tem raízes fortes na tradição, mas o estilo e o repertório que tem construído com Custódio Castelo (guitarrista, compositor, arranjador e... marido) são expressão de um desejo de inovar.

É Cristina quem se aventura a trazer para o fado a poesia de Jan Jacob Slauerhoff, autor holandês do início do século XX, e obtém um disco de platina. É Cristina quem canta "Acontece", da brasileira Adriana Calcanhotto, e resulta indiscutivelmente fado. É Cristina quem canta uma versão de "Barco Negro" onde é possível não lembrar Amália a cada cinco segundos.

Mas o que mais impressiona no primeiro contacto com o trabalho da fadista é a transparência da sua voz, a extrema precisão da sua técnica - "Fui uma boa nadadora. Isso ajudou-me", diz com humor.

Em palco, uma forma de vestir simples mas sofisticada, a própria beleza física e uma timidez muito charmosa contribuem para realçar as qualidades puramente musicais desta cantora surpreendente. Voltar ao Topo

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Hedningarna Suécia
Modernos Primitivos

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Se há grupo que mudou a direcção e o impacto da música escandinava, esse grupo é os Hedningarna. Mais uma vez em Portugal, prometem um concerto com o que é seu e que não é mistério: folk aberto e toda a energia que pode haver em ritmos nascidos no princípio dos tempos. Se o rock for entendido sobretudo como espírito (de liberdade, de energia, de êxtase "tribal"), então já havia rock na Suécia do século XVIII, quando o povo se juntava nas aldeias para a polska, uma dança frenética que desenhava a violinos verdadeiras "raves" campestres.
Mas estes rituais dionisíacos de uma Escandinávia rural e ainda semi-pagã não resistiram à industrialização e à normalização cristã. Os violinos, vistos como instrumentos do Diabo, foram queimados. E a música foi-se tornando progressivamente mais bem comportada.

No final do século XX, o folk sueco recuperou o poder primitivo da velha música. Anders Norudde, Hallbus Totte Mattsson e Björn Tollin, fundaram os Hedningarna ("Os Pagãos") em 1987 e a polska voltou a ser tocada, desta vez em palcos de todo o mundo e com a ajuda da tecnologia moderna.

Sintetizadores e samplers juntaram-se a poderosos violinos, gaitas-de-foles, vozes e alguns instrumentos criados de raiz para construir o extático Folk Under Paverkan, ou "folk sob influência", que fez dos Hedningarna um dos grupos com mais sucesso da world music nos anos noventa.

Um folk que entra pelos domínios do rock, do metal, do techno, do trance, do gótico. Um folk que voa e faz voar, mas nunca arranca as raízes da tradição.

Vikings no Castelo
O primeiro disco dos Hedningarna, editado em 1989 com o nome da banda, ainda é puramente instrumental: Anders, Totte e Björn, em "jam", procuram definir o som da banda.

O som da banda é encontrado três anos depois. Kaksi! (1992), torna-se não só o mais aclamado disco da carreira do grupo como é considerado um "ponto de viragem na cena folk escandinava" (Q MAGAZINE).

Grande parte da força de Kaksi está na colaboração das vocalistas finlandesas (Sanna Kurki-Suonio e Tellu Virkkala) que dão à música dos suecos o que ela, mesmo em termos de tradição, não possuía: o encantamento da polifonia.

Em Trä (1994), um disco muito bem sucedido comercialmente, as influências da música moderna são mais marcadas. Um caminho seguido em Hippjokk (1997), em que a "procura da alma da polska" entra pelos atalhos da música electrónica de dança.

O disco mais recente do grupo, Karelia Visa (1999), é o mais próximo da tradição viva. O grupo deslocou-se à Carélia, região finlandesa anexada pela União Soviética na II Guerra Mundial, e embrenhou-se no seu modo de vida e no seu cancioneiro.

A combinação entre poesia finlandesa, instrumentação sueca e sopro da modernidade produziu o melhor dos 15 anos de carreira do grupo. E Karelia Visa é Hedningarna no seu melhor, com o contributo das "primas finlandesas", que regressam depois da ausência em Hippjokk.

A Sines, os Hedningarna vêm sem Björn Tollin (substituído por Christian Svensson), mas compensam com o regresso da magnífica cantora Tellu Virkkala, que faz par nas vozes com Liisa Matveinen.

Conhecidos pelas suas envolventes actuações ao vivo (volume alto, atitude descontraída, muito suor), os vikings vão tomar o Castelo na noite de dia 25 de Julho. Voltar ao Topo

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David Murray Big Band EUA/Cuba
Paragem em Cuba

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O "globetrotter" do jazz volta a Sines, depois de no ano passado ter vindo homenagear o contrabaixista sul-africano Johnny M’Bizo. No invulgarmente produtivo percurso deste artista, 2002 é o ano de Cuba, um dos países com tradição "autóctone" de jazz mais forte. "Numa altura em que o mundo do jazz parece ser varrido por uma onda de neo-conservadorismo e afunilamento de horizontes, David Murray é uma excepção admirável. Mesmo mantendo um grande respeito pelas tradições do jazz, Murray recusa-se a estagnar. Ele é hoje um dos mais progressivos improvisadores do mundo, sempre aberto a novas experiências, sempre procurando novos contextos de colaboração."

Este extracto da justificação do prémio Ralph J. Gleason atribuído pela Rex Foundation a David Murray em 1994 aplica-se bem à orientação do trabalho do artista nos últimos anos: levar o jazz a conhecer a suas raízes e os seus desenvolvimentos em África e na diáspora africana.

Cuba segue-se a Guadalupe, África do Sul e Senegal como ponto de encontro para mais uma jam promovida por Murray entre músicas que, de uma forma mais ou menos próxima, sempre se conheceram.

De Oakland a Cuba
Aos 45 anos, Murray (saxofonista tenor, clarinetista baixo, compositor e produtor) tem mais de 220 álbuns editados. A história daquele que talvez seja o mais prolífico jazzman da actualidade começa em Oakland. Filho de metodistas, cresce a ouvir gospel, rhythm n’ blues, funk, e, claro, jazz.

Inicia-se a tocar saxofone na escola, em Berkeley, trocando o alto pelo tenor quando ouve o sopro de Sonny Rollins. Aos 20 anos vai para Nova Iorque, que em meados da década de 70 vivia sob a febre do free jazz. Albert Ayler, com as suas polifonias, timbres distorcidos, extremos de volume, torna-se o modelo do seu estilo, que ainda hoje se mantém, apesar de talvez um pouco mais arredondado e "classicizado".

Em 1976, funda o World Saxophone Quartet, com Julius Hemphill, Oliver Lake e Hamiet Bluiett e, ao longo da década de 80, cria a sua big band e outras formações de menor dimensão, que o ajudam a desenvolver o seu crescente interesse pela composição e a encher um transbordante cabaz de gravações.

Mas recentemente, à procura das raizes, trouxe a world para a sua música. Em 2001 esteve em Sines com músicos sul-africanos numa homenagem ao contrabaixista Johnny M’Bizo. Este ano vem a Sines com mais de uma dezena de músicos cubanos apresentar o repertório composto para Now is Another Time, gravado na ilha e editado em Junho deste ano.

O disco, que entra em digressão como projecto Havana Moods, mistura mambos, boleros e tudo o que pulsa no universo dos ritmos cubanos com o swing de Murray. Jazz latino, para não deixar a neblina subir na baía. Voltar ao Topo

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Los de Abajo México
"Música de intervenção" para dançar

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Muita da mais interessante música moderna da actualidade canta-se em espanhol. A música de Los Abajo é uma mistura de referências "universais" com os melhores ritmos mexicanos e com letras que, apesar de humoradas, nunca são fúteis. Ao contrário de muita da jovem música urbana editada nos EUA ou na Europa, o tom predominante nestes mexicanos não é do sarcasmo desencantado. A vida de los de abajo (os oprimidos) do seu país não lhes tira o humor (o tom das letras é quase sempre paródico) mas exige-lhes outro empenhamento.

Os Los de Abajo (nome inspirado no título de um romance clássico sobre a Revolução Mexicana) são um grupo com uma ideologia de esquerda assumida, e muitas das suas letras, apesar do termo estar um pouco ultrapassado, podem chamar-se "de intervenção".

Uma música em que o espírito revolucionário não se limita ao textos. Estende-se ao estilo, que os próprios nomearam de "tropipunk", e que não é mais que uma combinação de ritmos latinos tradicionais com salsa, ska, funk, rap, reggae e rock.

"A nossa música não é pura", explicam. "Vimos da cidade. Tentamos mostrar o tipo de caos que existe num sítio tão grande e com tantos problemas, onde se ouve todo o tipo de música."

As influências do grupo incluem papas latinos como Rubén Blades e Pérez Prado, mas também patricarcas punk como os The Clash e Sex Pistols. Para o público português, a referência Mano Negra / Manu Chao será talvez a mais e evidente.

2002, ano de ouro
Os Los de Abajo juntam-se em 1992, formados por Carlos Cuevas (teclado), Yocupitzio Arrellano (bateria), Liber Terán (voz) e Vladimir Garnica (guitarra), todos estudantes da Universidade Autónoma do México e todos a tocar em diferentes bandas da cena underground da cidade. Ao longo dos anos, o grupo foi crescendo.

Iniciamente a tocar ska latino, o grupo começa a tornar-se mais político e orientado para o punk em 1993-94. O golpe de sorte da banda surge com o envio de algum material para os escritórios da Luaka Bop em Nova Iorque. A qualidade das demos e o vídeo em que o seu rock temperado de salsa enlouquece uma multidão num encontro sindical leva a editora de David Byrne a apostar nos mexicanos.

Los de Abajo, primeiro disco da banda, é editado em 1998. O primeiro álbum do que se pode chamar a sua maturidade, Cybertropic Chilango Power, sai em Fevereiro deste ano.

Apesar da influência do punk e da evidência do ska em muitas faixas, este é um disco muito mais aberto à música tradicional mexicana - a ranchera, o bolero, o corrido - e à fusão com novos estilos, como o rai e o dub. É também mais romântico, mas sempre jovem e fresco.

Além do lançamento de Chilango Power, 2002 fica marcado também pela inclusão do grupo na lista dos nomeados dos BBC Radio 3 World Music Awards para as Américas e Caraíbas. A sua música de dança que procura tudo menos alienar as massas cresce também a nível internacional. Voltar ao Topo

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Popa Chubby EUA
Um bluesman pós-moderno

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Cantor, compositor e guitarrista impressionante, um "bluesman" contra preconceitos: branco, nova-iorquino e criado no punk rock. Em concerto não desfaz um preconceito, desfaz uma lei da física: um gordo não é necessariamente um pesado. Quem disse que um branco não pode ser um bluesman? Quem disse que Nova Iorque não pode ter os seus blues, como Chicago ou Filadélfia? Quem o disse não conhece Popa Chubby, o cantor e formidável guitarrista que desde o início da década de 90 tem vindo a criar um blues rebelde, sem pingo de melancolia e miscigenado como a Grande Maçã.

Popa Chubby, 41 anos, chegou ao blues através dos caminhos do punk rock. Na sua trouxa de peregrino musical foram-se juntando o country, o jazz, o funk e o hip hop e nenhum desse material fica fora do seu blues de fusão.

Guitarrista, cantor, compositor
Popa (Ted Horowitz) nasce em Nova Iorque, numa família proprietária de uma loja de doces, o que talvez explique a imponência da sua figura física, quase tão intimidante quanto a energia que empenha nos seus concertos ao vivo.

Aos 13 anos começa a tocar bateria, mas os Rolling Stones e a influência de artistas como Jimi Hendrix e Eric Clapton convertem-no à guitarra, o instrumento que o leva para a música como profissional.

Ao longo dos anos 70 e 80, a sua guitarra bluesy permite-lhe colaborar com artistas como Pierce Turner, Richard Hell e todos os grandes artistas que chegam a Nova Iorque e precisam de uma secção rítmica.

Chubby forma a Popa Chubby Band em 1990, onde também participa como vocalista e compositor, e o seu trabalho com nome próprio começa a ganhar visibilidade em 1991, quando ganha um concurso nacional para novos talentos na área do blues, promovido por uma rádio de Long Beach.

Edita o seu primeiro disco, Gas Money, em 1994. Mas é Booty and the Beast, lançado no ano seguinte, que afirma Chubby como um dos mais interessantes artistas do blues contemporâneo. O single Sweet Goddess of Love and Beer torna-se mesmo um sucesso de rádio nos Estados Unidos.

Entre os seus álbuns restantes, destacam-se How’d a White Boy Get the Blues? (2001) e o recentíssimo The Good, the Bad & The Chubby, que inclui a faixa Somebody Let the Devil Out, inspirada no 11 de Setembro e gravada com uma interpretação comovente apenas uma semana depois da tragédia. Voltar ao Topo

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Yat-Kha Tuva - Federação Russa
Tuva de guitarra eléctrica

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O melhor grupo asiático de 2001, eleito pela BBC Radio 3, rejuvenesce uma das mais extraordinárias tradicionais vocais do mundo com a postura e a energia do rock. As vozes são capazes de fazer tremer o chão e o espírito de Jimi Hendrix é sempre convidado de honra. Tuva é uma república da Federação Russa perdida no centro da Ásia (tão a norte quanto a Grã Bretanha e tão a leste quanto o Bangladesh) conhecida apenas duas coisas: os seus cavaleiros e o invulgar poder da sua tradição musical.

Os seus cavaleiros conquistaram o mundo, integrados nos exércitos de Gengis Khan. A sua música, e em especial as suas vozes (como as cantoras búlgaras, os cantores tuvanos são capazes de produzir várias notas ao mesmo tempo), estão a conquistar público em todo o planeta.

Os Yat-kha apresentam uma versão nada convencional da música da república. Utilizam os instrumentos e os estilos tradicionais, as suas letras falam de renas e da primavera nas estepes, mas Kuvezin & Cª. não esquecem quem ouviram na adolescência.

É sem choque que os espíritos de Jimi Hendrix ou dos Led Zeppelin convivem com os espíritos nativos numa música enérgica e surpreendente, em que o rock cobre a tradição apenas como mais uma camada da história.

E para quem ainda julgue que a guitarra eléctrica de Albert Kuvezin traz a tiracolo sobre o seu fato tradicional é uma sinal de decadência, basta ouvi-lo cantar o estilo "kanzat" a cappela. A força dos seus baixos sísmicos, talvez assustadores para o ouvinte virgem, não pode ser produzida pela boca de um qualquer americanizado empenhado num suicídio de raízes.

Prémios, prémios, prémios...
Kuvezin é o fundador e líder dos Yat-kha (lê-se yat-ha e é o nome da cítara gigante de Tuva), projecto um passo à frente de Huun-Huu-Tu, um dos primeiros grupos a levar o "khommei" (canto tradicional) ao público ocidental, que também fundou, mas abandonou por se sentir limitado pelo seu âmbito folclórico.

O quinteto é ainda formado por Radik Tiuliush (igil e canto), Makhmud Skripaltschchikov (baixo), Zhenya Tkachov (kit, kengyrgy e vox) e pela jovem cantora e tocadora de yat-kha Sailyk Ommun, que desde o ano passado participa nos seus concertos ao vivo.

Os Yat-kha editaram até agora quatro discos em estúdio, três deles premiados: Dalai Deldiri (1999) ganhou o prémio do disco da crítica alemã, Yenisei Punk (2000) foi distinguido pela Radio France International e Aldyn Daska (2001), foi em grande parte responsável pela eleição do tuvanos como o melhor grupo asiático de 2001 pela BBC Radio 3.

Bootleg, editado este ano com registos de concertos da sua digressão europeia de 2001, é um impressionante sopro das estepes, aconselhável a quem ainda encontre algum gelo por derreter nos discos anteriores, e abre grandes expectativas para o espectáculo em Sines. Voltar ao Topo

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Mabulu Moçambique
Música para "rebentar"

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O mais internacional dos grupos moçambicanos junta velhos cantores de marrabenta com as figuras do hip hop emergente de Maputo. O resultado é uma excitante música de dança, com letras que em Moçambique também cumprem uma função social. Quando os Mabulu começaram a gravar o seu primeiro disco, em 2000, Moçambique estava inundado. Apesar do pior já ter passado, continuavam as chuvadas, as falhas de energia, os cortes de estrada. Chegar ao estúdio era por si só um desafio para os músicos.

Karimbo (2000), primeiro disco do grupo, é um pequeno triunfo num país em que todos os sobreviventes são triunfadores. Mas o sucesso que os Mabulu estão a ter a nível internacional é um grande triunfo para a música do país.

Formados em 1999 com a ajuda da organização não-governamental suíça Helvetas e do produtor Roland Hohberg, os Mabulu são o resultado do encontro entre os velhos "crooners" da marrabenta com a nova geração de rappers moçambicanos. Uma "procura do diálogo" entre os moçambicanos que é o que precisamente mabulu significa no dialecto shangana.

Dilon Djindji, 73 anos, junta forças a jovens estrelas como o MC Chiquito e a cantora Chonyl para fazer uma música para dançar, mas que em muitas letras persegue também uma função educativa: prevenir a SIDA, o consumo de drogas, a prostituição infantil, nos vários locais do país por onde dão concertos.

Sucesso internacional
Em termos de mistura, o hip hop e a marrabenta são a base, mas também se identificam influências do reggae e de ritmos e harmonias sul-africanas e do Zimbabué.

Karimbo e Soul Marrabenta (2001), os discos editados pelos Mabulu até agora, são talvez os únicos discos moçambicanos com edição internacional nos últimos 10 anos.

Mas a espera valeu a pena. Os Mabulu são considerados uma das revelações mais recentes da world music. Finalistas do "KORA, All Africa Music Awards" e incluídos na lista dos nomeados da categoria "Revelação" dos prémios da BBC Radio 3 (2001), os moçambicanos estão a tornar-se alvo de uma crescente atenção da crítica internacional.

Escolhida para encerrar a quarta edição do Festival Músicas do Mundo, a música "para rebentar" (esta é uma hipótese de etimologia da palavra "marrabenta") dos Mabulu não se vai concerteza deixar intimidar pelo fogo-de-artifício. Voltar ao Topo

 

 

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