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Tradições
Viagem ao velho Entrudo
O Contágio da Dança

João Garcia
(In "Jornal Expresso" de 21 de Fevereiro de 1998)

De encontrões vive também o Carnaval de Cabanas de Viriato, onde a «dança dos cus» mantém viva uma tradição nascida em 1865, quando o sucesso de uma representação do grupo de teatro trouxe para a rua actores e actrizes.

Ao som de uma valsa, inventaram uma marcha que percorre a vila em contradança, com os pares divididos por duas filas que esperam o repique da música para virem ao centro e provocarem o choque dos traseiros.

A dança-grande, em Cabanas de Viriato, contagia os participantes (Foto de: António Pedro Ferreira)

Também conhecida por dança-grande, deu fama ao Carnaval de Cabanas de Viriato, que hoje atrai milhares de visitantes. «Só vendo. Parece uma coisa simples, mas isto contagia», diz Fernando Campos, presidente da Associação de Carnaval. Como se faz a contaminação não sabe, «sente-se, vê-se». E comprova-se, pois a dança chega a ter, na terça-feira gorda, mais de três quilómetros de extensão. À segunda-feira é mais pequena, mas ainda assim são duas ou três horas a dançar.

O curioso é que parece ter sido a «dança dos cus» a responsável pelo desenvolvimento de muitas outras actividades da vila. A Sociedade Filarmónica parece ter sido fundada a pedido: surgiu em 1872, e o regente-fundador apressou-se a compor uma dança especial, a «Valsa de Carnaval», que ainda hoje é repetidamente tocada durante as várias horas que demora o desfile. «As pessoas chegam e dizem: é só isto? Mas pouco depois estão a dançar», descreve António Ernesto, um brasileiro filho de portugueses que regressou a Cabanas, terra do cônsul Aristides de Souza Mendes. Ele tem uma explicação para o sucesso deste Carnaval beirão: «Mesmo no Rio, no sambódromo, quem se diverte é quem desfila. Quem assiste não tem nada para fazer. Aqui é ao contrário, são os forasteiros que fazem a festa.» Para combater os que são imunes ao contágio da valsa e do insólito efeito do terceiro compasso, «há uns velhotes, espalhados ao longo do percurso que puxam os pares para o desfile».

O problema é manter ordem na dança e encontrar forma de fazer chegar a música aos extremos do desfile. «Para que os traseiros se encontrem a tempo certo, é preciso que todos os pares ouvissem a música, e esse era um problema.» Surgiu, assim, a ideia de comprar um pequeno emissor de FM, capaz de fazer chegar os acordes aos receptores que acompanham a abertura e o final. «Mas este ano estamos mal, que o ano passado veio cá um fiscal do Instituto de Comunicações - alguém deve ter feito queixa - e apreendeu o emissor.»

O sucesso da dança tem ajudado a manter vivas outras tradições carnavalescas, como as «zambombadas», uma sonora designação para não menos barulhentas sessões de bombos, fortemente percutidos durante a noite, e que começam a percorrer a vila e a anunciar o Carnaval com 15 dias de antecedência. De domingo a terça-feira, nas horas deixadas livres pela dança dos cus (ou dos cuzes), ouvem-se as «entrudadas», sessões de declamação de quadras populares, ditas ao ritmo dos bombos, denunciando segredos da vila. «Ouve-se então o que toda a gente já sabe, mas que algumas pessoas queriam manter em segredo», comenta Fernando Campos.

A fechar, o almoço de quarta-feira reúne os convivas à volta de um bacalhau com batatas e grelos, sinal de que começou a Quaresma, acabou a paródia e os pratos de carne ficam postos de lado. 
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