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O Baile como Rito de Passagem

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Fonte:
Tradições Musicais da Estremadura

Os conteúdos aqui apresentados foram retirados do Livro "Tradições Musicais da Estremadura" de José Alberto Sardinha, uma cortesia do autor e da Editora Tradisom.

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Tradições Musicais da Estremadura: O Amor e o divertimento
O Baile como rito de passagem
José Alberto Sardinha (In "Tradições Musicais da Estremadura")

Colhemos uma informação que consideramos de muito interesse em Lagoa, Santo Isidoro, Mafra: em qualquer das duas casas de baile que havia na aldeia apenas era permitida a entrada de rapazes que já tivessem barba na cara e de raparigas «só quando tivessem corpo de mulher». Especifica o nosso informante José Sabino Dias em relação às moças: isto significa peitos desenvolvidos e corpo espigado, o que geralmente acontecia por volta dos 13 anos, sendo certo porém que o verdadeiro critério era o desenvolvimento do corpo e não a idade. Quem não preenchesse esses requisitos, não podia entrar nas casas de baile.

O informador recorda-se de ser garoto, com cerca de 12 anos, e de ter espreitado, por curiosidade, para dentro da casa do baile. Pela proeza, levou uma tareia dos rapazes mais velhos, os que decidiam quem já podia ali ter entrada. Eram estes também que diziam às mães das raparigas quais as que já podiam ir ao baile. Além dos tocadores e dos dançadores, rapazes e raparigas, podiam também entrar as mães das raparigas («não havia lá nenhuma que não fosse acompanhada da mãe ou de pessoa de família»). Note-se que em nenhuma das duas casas de baile da aldeia se pagava a entrada, mas a porta mantinha-se fechada durante a função.
Este costume, que detectámos aqui e ali na Estremadura mas com regras menos rígidas, revela-se-nos bastante interessante, por representar, muito provavelmente, um resquício de velhos ritos de passagem que se terão transformado, vindo a fixar-se nesta forma. (...)

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Baile da pinhata em Parceiros, Leiria. Momentos em que o par vencedor puxa a fita que abre a pinha e, depois, em que é coroado.
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No Portugal rural, temos conhecimento de um caso semelhante ao que acima descrevemos para a Estremadura: nos velhos fiadeiros trasmontanos, serões vicinais que reuniam novos e velhos à lareira duns e doutros durante as longas noites de Inverno, também não tinham entrada as crianças. Eram serões domésticos, em que se realizavam as mais variadas tarefas, sobretudo as ligadas ao tratamento do linho e da lã, e durante os quais era transmitida, dos velhos para os novos, toda a carga da sabedoria popular ancestral, vertida em romances, cantares, ditos, provérbios, contos, enfim simples conversas e comentários sobre casos da vida. Por vezes também ali se bailava. Estava por todos entendido que o acesso a estas assembleias só convinha aos mais novos a partir de certa idade, e assim se cumpria.

No caso dos bailes da Estremadura, a proibição é rígida e é decretada – e vigiada – pelos próprios rapazes, que têm a seu cargo fixar quais os jovens, de qualquer dos sexos, que já satisfazem os requisitos para terem direito a entrar na casa do baile. Entenda-se: são eles que decretam quem já pode pertencer a um novo grupo, a um novo estado de crescimento psíquico e físico, à mocidade que atingiu a puberdade. E é curioso até notar que quem violasse essa regra sofria castigo corporal, inflingido pelos mesmos que definiam tais normas. Estamos, pois, perante um verdadeiro rito de passagem, que se consubstancia, no fundo, pela admissão de um moço ou moça ao grupo dos que já atingiram a puberdade (dos que podem entrar na casa do baile), admissão que é decidida pelos que a esse grupo já pertencem.
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