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Tradicionais

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O Baile como Rito de Passagem

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Fonte:
Tradições Musicais da Estremadura

Os conteúdos aqui apresentados foram retirados do Livro "Tradições Musicais da Estremadura" de José Alberto Sardinha, uma cortesia do autor e da Editora Tradisom.

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Tradições Musicais da Estremadura: O Amor e o divertimento
Os Bailes Tradicionais
José Alberto Sardinha (In "Tradições Musicais da Estremadura")

Povo que trabalha e que reza, povo que ama, que folga e se diverte. Após garantir o sustento, após orar e agradecer à divindade, o rural dá largas ao seu ludismo, expande os seus impulsos amorosos, entrega-se à diversão e à folia. Referimo-nos agora já não à festa institucional, quase sempre religiosa, (...) mas fundamentalmente à diversão do dia-a-dia, dos pequenos acontecimentos locais e particularmente aos bailes e às danças populares. (...)Este tipo de bailes ocorre habitualmente também nas romarias, mas o fenómeno, por ser mais vasto, justifica um tratamento especial.

Assumindo até certo ponto uma função de escape ao quotidiano da aldeia, o «bailho» ou «balho» tem, no entanto, como objectivo essencial, a aproximação entre os dois sexos e é, por isso, momento apetecido pela mocidade. Desde sempre, aliás, assim foi e, exceptuando as danças rituais, todas as danças populares tiveram e têm essa finalidade. Função, de resto, socialmente importante nas comunidades rurais, muito fechadas e pouco permissivas, onde a pressão social se fazia sentir, até há poucos anos, com acentuado rigor.

Assim, até há pouco tempo, todas as ocasiões eram aproveitadas pela mocidade para armar a bailação: as festas e os círios em primeiro lugar; depois, os casamentos, as «sortes», as feiras e mercados, as «descamisadas» do milho, as adiafas da azeitona ou da vindima, os Santos Populares, o Entrudo; por fim, no fluir corrente da vida, os domingos e dias santos.

É sobretudo destes bailaricos de aldeia e das suas pequenas festas locais que iremos tratar, não sem lembrarmos que, de todos os fenómenos sócio-musicais (...) este é o que maior transformação sofreu nos últimos tempos, podendo mesmo dizer-se que os bailes rurais, na sua forma tradicional, deixaram já de existir (...).

O dia próprio era (...) o domingo, pela tarde, prolongando-se às vezes para a noite. Não era ao sábado à noite porque «o povo estava ainda muito cansado do trabalho». Na região de Sintra e Mafra, os «balhos» eram à tarde entre Abril e Setembro e à noite nos restantes meses. Como ali a «casa do balho» era conhecida por «casa da brincadêra», dizia-se, conforme a época do ano: «Vamos à brincadêra!» ou «Vamos ao serão!» (Assafora, Sintra). Na região de Sesimbra (Zambujal, Alfarim, Azóia, Aldeia do Meco, Almoinha, etc.), os bailes eram aos sábados e domingos, à noite. Aqui ouvimos um dos nossos entrevistados utilizar a palavra brincar como sinónimo de bailar: explicando coreografias, dizia ele que primeiro «brincavam desagarrados», depois agarrados, mais adiante «brincavam» todos em volta, etc.

Nas alturas da festa da aldeia, nas que a tinham, havia baile, além do domingo, também ao sábado à noite. Durante os casamentos e baptizados, os bailes prolongavam-se habitualmente pelos três dias que durava a festa, tal como acontecia também no Entrudo. Nos Santos Populares (Santo António, S. João e S. Pedro), o «balho» armava-se na noite da véspera à volta das fogueiras ou do mastro, que se erguia, ornado de folhagens, no largo principal. Nos dias de «sorteamento», os rapazes, após percorrerem as ruas da sede do concelho em arruada musical, com um tocador para o efeito contratado, ainda regressavam à aldeia com energia para fazerem um baile, assegurado pelo mesmo tocador.

Havia ainda bailes em ocasiões especiais da vida agrícola: nas adiafas da vindima, da «acêfa», da apanha da azeitona, da lagarada do azeite, das descamisadas do milho. Colhemos informações de que havia bailes ao harmónio todas as noites na apanha da azeitona dos grandes olivais de Bucelas e Alverca. Ali se juntavam muitos assalariados de ambos os sexos que, depois da ceia, se reuniam num celeiro ou em qualquer casão para bailar. Por volta da meia-noite, o capataz dava um grito, que era uma senha: «Boa-noite, pessoal!», posto o que terminava o baile e todos, rapazes e raparigas, recolhiam aos respectivos «quartéis».

Por fim, nos dias «alumiados» (dias santos: dia de Natal, de Páscoa, de Corpo de Deus, etc.), fazia-se o mesmo que nos domingos: baile à tarde. Só durante a Quaresma se não dançava, pois o recolhimento religioso exigido nessa quadra obrigava à abstenção de cantos profanos e de danças.

Quanto ao carácter musical dos bailes, o instrumento mais antigo parece ter sido a flauta de cana, ou de sabugueiro, que referenciámos em toda a província e ainda encontrámos nalgumas aldeias, v. g. na Colaria (Torres Vedras), em Vale Covo (Bombarral), em Olho Marinho e Amoreira (Óbidos), no Tojal (Porto de Mós), na Lagoa (Mafra), na Póvoa de Penafirme, Torres Vedras – vide fotografias adiante. Detectámos igualmente a existência da ocarina, instrumento próprio das terras de barro (Mafra, Torres Vedras, Caldas da Rainha). Encontrámos também a palheta (Maxial, Torres Vedras), primitivo aerofone feito de caniços,(...) com o qual se chegava também a tocar uma ou outra moda bailada, se bem que as informações que colhemos indiquem ter sido mais um instrumento de mera brincadeira entre a rapaziada. Igualmente do ciclo pastoril, também a gaita-de-foles servia nos bailes populares, mas sobretudo durante as noitadas dos círios, nos «quartéis» dos romeiros e nas casas de «balho» dos «botequins» próximos dos santuários
religiosos. Voltar ao Topo José Alberto Sardinha

 

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